A morte da modelo Raquel Santos, na última segunda-feira (11), ainda está em investigação e, portanto, não há conclusão quanto à causa da morte. A jovem morreu após realizar um preenchimento facial, procedimento estético considerado simples. Enquanto o viúvo da modelo acredita que houve erro médico durante o procedimento, o médico responsável pela aplicação defende que o motivo do óbito teria sido um estimulante para cavalos usado como anabolizante pela modelo, o Potenay. Entenda quais são os riscos do uso.
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Morte de modelo após preenchimento facial
Raquel Santos, que era uma das finalistas do concurso “Musa do Brasil”, teve uma parada cardiorrespiratória logo após um procedimento estético simples para preencher o “bigode chinês”, linha de expressão que vai da base do nariz ao canto da boca.
Apesar do curto espaço de tempo entre o tratamento e o óbito, ainda não se sabe exatamente qual foi a causa da morte. O viúvo da modelo acusa a clínica onde foi realizado o procedimento de ter cometido erro médico. Já Wagner Moraes, médico responsável pelo estabelecimento, coloca a culpa nos anabolizantes usados por Raquel.
Em nota divulgada à imprensa, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, única instituição brasileira a conceder título de cirurgião plástico a médicos, afirma que desconhece o doutor W.M. e ainda que “repudia veementemente a atuação de médicos não especialistas em cirurgia plástica, que, por falta de formação específica, colocam em risco a segurança e a vida de seus pacientes conquanto descumprem indiscriminadamente os ditames legais”.
Devido à falta de evidências para comprovar a causa da morte de Raquel, o velório chegou a ser interrompido pela polícia, que alegou um suposto erro no atestado de óbito e encaminhou o corpo ao Instituto Médico Legal (IML). O enterro aconteceu no dia seguinte.
Anabolizante usado pela modelo
Em entrevista ao site de notícias G1, o viúvo, Gilberto Azevedo, disse que a esposa abusava em sua busca pela beleza:
“Ela era fascinada por isso, carnaval, malhar, essas coisas. E ela queria sempre mais. Eu achava que ela, feia ou bonita, era ótima. Mas ela queria sempre mais, sem necessidade. Ela fumava muito e injetava Potenay [estimulante usado em cavalos] nas pernas antes de malhar. Não sabemos se isso pode ter contribuído para o que aconteceu. Ainda não sabemos se vamos processar a clínica. Não vai trazer ela de volta.”
Estimulante para cavalo usado como anabolizante
De nome comercial Potenay, esse estimulante de uso veterinário – e de venda exclusiva a esse profissional – é usado por muitos praticantes de atividade física como um tipo de anabolizante.
O educador físico César Ribeiro, especialista em fisiologia do exercício, explica que o Potenay possui três tipos de precursores da testosterona, hormônio masculino que tem funções reprodutivas, mas também estimula o ganho de massa muscular e a diminuição da gordura corporal.
“Em animais de corrida, como o cavalo, ele é o responsável por dar aquela ‘explosão’, ganhando mais velocidade no final da corrida”, explica César.
Entre os praticantes de atividade física, o produto é usado para aumentar a força e a massa muscular e diminuir a quantidade de gordura corporal. “A pessoa que usa o produto assimila o treino mais rápido, tem mais energia, mais disposição e treina mais pesado”, conta o especialista. Os resultados também aparecem em menos tempo em comparação com quem não usa esse tipo de anabolizante.
De acordo com César, quem usa o produto aplica 1 ml a cada três dias em ciclos de 6 a 8 semanas. São injeções intramusculares, dadas nos glúteos ou nos braços, por exemplo, e administradas comumente após os treinos, período em que o metabolismo está acelerado.

Riscos do uso de Potenay em humanos
De acordo com o educador físico, existem várias consequências ruins devido ao uso desse tipo de produto por praticantes de exercícios físicos. De maneira geral, eles são de dois tipos: causados pelo desequilíbrio hormonal decorrente do excesso de testosterona no corpo ou decorrentes do excesso de atividade física, para o qual o corpo não estava preparado.
Sendo assim, pode haver hipertensão arterial, infartos, sobrecarga dos rins, calvície e esterilidade – todos esses sintomas são consequências do excesso de hormônio – e lesões músculo-esqueléticas, principalmente nos tendões. “O músculo cresce muito rápido, enquanto o tendão não é fortalecido com a mesma velocidade”, explica o educador físico. “Nesse caso, o tendão é como um elástico que vai sendo esticado até que se rompe”.
Substituto mais saudável
César Ribeiro explica que quem quer ganhar força e massa muscular e diminuir a gordura corporal deve consultar um endocrinologista, que fará uma bateria de exames para detectar possíveis deficiências hormonais e, caso seja necessário, recomendará os chamados pré-hormônios para corrigi-las.
O especialista explica que essas substâncias equilibram os hormônios sem ficar em excesso ou sobrecarregar o corpo. Além disso, o médico faz um acompanhamento para se certificar de que a substância não está prejudicando o organismo.
*Matéria publicada em 14/01/2016.