Pode até parecer inocente, mas arrancar fios de cabelo compulsivamente é um ato prejudicial e que pode indicar a presença de uma doença psíquica ligada a outros distúrbios. Entenda:
Arrancar fios de cabelo é doença
Segundo a psicóloga Lizandra Arita, especialista em clínica e institucional, a mania de arrancar cabelos é um transtorno chamado “tricotilomania”.
Sua principal característica é a incontrolável compulsão em torcer, puxar ou arrancar fios, o que pode resultar em áreas de calvície.

A psicóloga e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Wilze Bruscato complementa dizendo que a tricotilomania é considerada um comportamento de autolesão e um transtorno do controle de impulsos.
Ato pode ser consciente ou inconsciente
O ato pode ser consciente, quando a retirada capilar serve de resposta a alguma situação desagradável ou estressante, ou inconsciente, em que o paciente não percebe e nem lembra que arrancou os fios, embora possa recordar que estava mexendo no cabelo.
Quem pode ter tricotilomania?

O problema pode atingir pessoas de qualquer sexo e idade, mas é mais comum em crianças pequenas, mulheres adolescentes e adultas.
“Embora seja mais presente no âmbito feminino, temos de levar em conta que há mais aceitação social para homens perderem cabelo, além de diferenças no modo de procurar ajuda, o que pode mascarar casos no sexo masculino”, ressalta a psicóloga Wilze Bruscato.
Causas da mania de arrancar cabelos
O distúrbio pode estar ligado a diversos fatores, como estresse, luto, problemas de relacionamento, depressão, ansiedade, abuso de álcool e transtorno obsessivo compulsivo. Segundo Wilze, o impulso se associa à onicofagia, que é o vício em roer unhas.
“Geralmente, é associado à genética, ou seja, há alguém da família do paciente com histórico de Transtorno Obsessivo-Compulsivo, tiques ou manias”, complementa a especialista.
Consequências

Calvície e perda dos pelos
A tricotilomania pode afetar qualquer local do corpo, desde os cabelos da cabeça até os pelos de braços, pernas, sobrancelhas, cílios, entre outros.
Prejuízos nos relacionamentos
A doença causa sofrimento e prejudica diversos aspectos de quem a enfrenta, como a vida social e profissional.
Tricofagia: arrancar cabelo e comer
Em alguns casos, a tricotilomania evolui para tricofagia, que é o distúrbio caracterizado pelo ato de arrancar o cabelo e realizar comportamentos orais, como passar o fio na boca, morder ou comer.
O grande risco desse comportamento é a síndrome de Rapunzel, que resulta no acúmulo de pelos no trato digestivo e, consequentemente, obstrução intestinal. O quadro é tratado com cirurgia para retirar a bola de cabelo.
Doença de arrancar cabelo tem cura?
Felizmente, o transtorno pode ser controlado e curado por meio do tratamento médico e psicológico adequado.
Como parar de arrancar cabelo?

O primeiro passo é confirmar se o caso se trata de tricotilomania. O diagnóstico é 100% clínico e pode ser feito por psiquiatra, dermatologista e psicoterapeuta.
Depois, há dois tratamentos possíveis que são, na maior parte das vezes, associados:
Medicamentos
A medicação – que pode incluir remédios para ansiedade e antidepressivos – indicada por psiquiatra reduz ansiedade, depressão e outros problemas que possam estar impulsionando os comportamentos compulsivos.
Psicoterapia
Ainda é indicado fazer sessões de terapia com o psicólogo para identificar a origem das aflições a aprender a lidar com elas, evitando o impulso de arrancar os fios.
No campo comportamental, podem ser empregadas técnicas como hipnose, hipnoterapia, biofeedback, treinamento da reversão de hábito e terapia cognitivo-comportamental.
“Outro complemento importante ao tratamento é a participação em grupos de apoio para pessoas com a mesma condição”, aconselha a psicóloga Wilze Bruscato.
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