Um adolescente de 14 anos se tornou o quinto paciente no mundo e o segundo brasileiro a sobreviver à raiva, doença ainda sem tratamento efetivo que é transmitida por animais infectados.
O caso, divulgado pelo governo do Amazonas, ganhou destaque na imprensa nacional e internacional, já que é quase impossível viver após contrair a condição.
Adolescente brasileiro sobrevive à raiva
Mateus Castro, 14 anos, contraiu raiva em novembro de 2017 após um ataque de morcegos em Barcelos, município do interior do estado de Amazonas. Dois de seus irmãos também foram infectados pela doença, mas não resistiram.
Segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas, o jovem chegou ao hospital queixando-se apenas de formigamento nas mãos, porém, devido às recentes agressões por morcegos e à presença da doença em seus irmãos, recebeu o tratamento contra raiva desde o primeiro momento.
O hospital adotou o Protocolo de Milwaukee, uma terapia experimental contra raiva humana.
O quadro do jovem ficou mais grave nos primeiros dias após a internação, mas passou a responder positivamente em seguida.
Segundo o infectologista Antônio Magela, diretor de Assistência Médica da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, o jovem está se recuperando gradualmente: deixou a UTI, já saiu do leito para a poltrona e está se alimentando por via oral e sonda.
Ainda assim, há um extenso caminho a percorrer, já que a raiva costuma deixar sequelas. Segundo a médica Dayse Souza, responsável pelo caso do rapaz, o processo de recuperação das funções é longo e o adolescente é acompanhado por uma equipe multidisciplinar.
Protocolo de Milwaukee: como funciona?
O tratamento contra raiva recebido por Mateus foi criado pelo médico norte-americano Rodney Willoughby, que acompanhou os casos de todos os sobreviventes: dois nos Estados Unidos, um na Colômbia, um em Pernambuco e, agora, um na Amazônia.
Nele, o paciente é colocado em coma induzido enquanto recebe duas medicações, uma contra o vírus e outra que age nos neurotransmissores, controla a função dos vasos sanguíneos do sistema nervoso central e evita convulsões.
Internação precoce é fundamental
Outros pacientes já receberam o protocolo, contudo não tiveram a mesma sorte de Mateus Castro. Um deles foi a própria irmã do rapaz.
Ainda não se sabe qual é o fator que determina o sucesso do tratamento. Uma hipótese é a internação precoce, mesmo antes dos primeiros sintomas, como no caso de Mateus.
Como a raiva age?
A raiva é causada por um vírus extremamente perigoso que afeta as células do sistema nervoso. Ao chegar à parte central, ele provoca uma fatal inflamação e infecção chamada de encefalite rábica.
Segundo a Mayo Clinic, a doença gera uma ampla gama de sintomas. Veja os mais comuns:
- Febre
- Dor de cabeça
- Enjoo
- Vômito
- Agitação ou hiperatividade
- Ansiedade
- Confusão
- Dificuldade de deglutição
- Excesso de saliva
- Medo de água, causado pela dificuldade em deglutir
- Alucinações
- Insônia
- Paralisias parciais
- Formigamento
Quais animais podem transmitir raiva?
O vírus é geralmente transmitido para humanos por meio da mordida de animais infectados. As espécies com mais risco são morcegos, coiotes, raposas, guaxinins e gambás.
Embora menos comum, animais domésticos ou rurais que não receberam a vacina antirrábica podem transmitir a doença, como cachorros, gatos, cavalos e gado.
O que fazer caso seja mordido?
Caso uma pessoa seja exposta a um animal de origem desconhecida, é necessário buscar ajuda médica imediata para receber o tratamento preventivo ou tomar a vacina antirrábica humana.
É preciso lembrar que morcegos podem morder pessoas enquanto dormem e sem sequer acordá-las, o que torna importante ir ao médico caso um morcego seja encontrado em casa, mesmo que não haja evidências de contato.
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