Matéria publicada em 23 de março de 2017
A maternidade do Hospital Municipal Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, está com atendimento restrito desde a última sexta-feira (17). Isso porque a diretoria do hospital, a Vigilância Sanitária e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) estão investigando a causa da morte de duas pacientes.
Elas tiveram partos normais nos dias 6 e 7 de março, mas dias depois acabaram morrendo. A principal suspeita é de infecção puerperal.
De acordo com a assessoria de imprensa da instituição, a investigação que segue quer descobrir o tipo de bactéria que acometeu essas mulheres: se é uma hospitalar ou se foi contraída fora do hospital.
Ainda de acordo com o Hospital Municipal Cidade Tiradentes, a movimentação de médicos e pacientes permanece normal em outros locais do prédio. Os atendimentos de urgência e emergência continuam mantidos. A maternidade, porém, não está recebendo novas pacientes até a conclusão da investigação.
Infecção puerperal: o que é?
A infecção acomete as mulheres no período do puerpério, os 42 dias após o parto, e é causada pela proliferação anormal de bactérias presentes na flora vaginal.
Pode comprometer útero, trompas, ovários e, caso o tratamento não seja adequado, evoluir para uma infecção generalizada, sendo possivelmente fatal.
Qualquer mulher que dá à luz pode desenvolver a doença no pós-parto, período em que os órgãos genitais e o estado geral da mulher voltam às condições anteriores à gestação.
Mas, embora todas possam desenvolvê-la, há grupos de riscos.
Quem corre maior risco?

“É o caso das portadoras de doenças que comprometem a imunidade, como HIV e diabetes não controlada, das que optam pela cesárea e das gestantes que têm trabalho de parto prolongado”, aponta Fabio Cabar, ginecologista e obstetra da Elo Clínica de Saúde, membro titular da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo (SOGESP).
Outros fatores que podem contribuir para o aparecimento da infecção são a limpeza do hospital e os cuidados com higiene tomados pelo obstetra antes e durante o procedimento (assepsia e antissepsia).
Sintomas

“A manifestação mais importante é a febre, medida com termômetro e que apresente mais do que 37,8 graus. E ainda calafrios, secreção vaginal com odor fétido e dores na região pélvica”, aconselha o especialista.
Diante desses sinais, é preciso procurar um médico imediatamente. O tratamento é feito com antibióticos na veia e internação, bem como coleta de exames.
Como evitar?
A prevenção começa ainda com os exames do pré-natal, por meio dos quais são feitos diagnósticos e tratamentos de infecções pré-existentes.
“No puerpério é importante fazer uma boa higiene da região da genital. Além disso, não usar absorventes internos para conter as secreções comuns no período, já que eles agravam o risco de infecção, e jamais fazer ducha vaginal”, finaliza Cabar.
Riscos no pós-parto
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