Ainda existem várias dúvidas sobre como tratar HPV, uma vez que muita gente tem o vírus – relacionado ao desenvolvimento de vários tipos de câncer, como os de colo de útero, pênis e garganta – sem sequer saber da sua presença.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), ao menos 291 milhões de mulheres no mundo possuem o papilomavírus humano, nome completo do micro-organismo responsável pelo acometimento. Entretanto, poucas sabem que podem eliminar o vírus naturalmente.
É possível eliminar HPV do organismo?
Diferente do que diz o senso comum, o HPV tem cura definitiva. Geralmente, ele é banido pelo próprio sistema imunológico, que tem a função de evitar ataques de micro-organismos através da liberação de anticorpos.
Esse fenômeno de erradicação “natural” não é incomum, visto que também ocorre em outras infecções, como a tuberculose. “No caso do HPV, o sistema imunológico consegue eliminá-lo em mais de 70% dos casos”, explica a ginecologista Flávia Fairbanks, da Clínica FemCare e do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo o infectologista Gilberto Turcato, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o vírus pode ser suprimido antes de mesmo de causar sintomas ou depois de as lesões já terem surgido.
Contudo, a eliminação natural do HPV não dispensa tratamento médico, já que a falta de cuidados está ligada ao desenvolvimento de determinados tipos de ferida no colo do útero e em outros lugares com potencial de evolução para câncer de colo de útero.
Evolução do HPV no corpo

Antes de entender quais são as alternativas para curar HPV naturalmente é preciso entender como o vírus pode se desenvolver:
HPV latente
Há casos em que os micro-organismos ficam latentes, ou seja, não dão sintomas e nem são eliminados. Já que não se manifesta, quem possui esse acometimento dificilmente sabe que o tem.
Como o tratamento do HPV tem como objetivo combater os sintomas da doença já manifestada, não há o que se fazer quanto ao vírus adormecido. Porém, na maioria dos casos o quadro se resolve por meio do próprio organismo do paciente. “A fase latente pode durar semanas ou anos. Após esse período, há duas alternativas: ou o HPV fica ativo e causa sintomas ou o vírus é erradicado pelo sistema imune”, complementa Dr. Gilberto.
HPV ativo
Apenas uma minoria da população chega a manifestar os sintomas do HPV. Nestes casos, os micro-organismos podem se abrigar na pele e nas mucosas úmidas, como genitália e boca, criando feridas e verrugas benignas ou malignas. Se não tratado corretamente, as lesões com características de malignidade podem virar câncer.
Mas não é preciso ter pânico: segundo o ginecologista Élvio Floresti Junior, apenas 1% dos casos se tornam cancerígenos.
Os tratamentos para feridas de HPV incluem cauterização física ou química e uso de cremes tópicos e antibióticos.
Quando o HPV se manifesta?
Baixa imunidade

Há organismos que não conseguem se livrar do vírus sozinhos. Isso costuma ocorrer devido à baixa imunidade, que é o estado caracterizado pela diminuição dos anticorpos e consequente fragilização da saúde fragilizada, propícia para a reprodução do HPV.
Maus hábitos de vida, como alimentação ruim e uso de drogas, podem causar o quadro. Outros fatores incluem doenças que enfraquecem o sistema imunológico, como AIDS e diabetes descontrolada, e medicamentos que interferem diretamente na imunidade, como os voltados a cirurgias de transplante.
Feridas pré-existentes

De acordo com o infectologista Gilberto Turcato, a contaminação aliada à pré-existência de lesões genitais, como as causadas por vaginite, úlceras e herpes, também colabora e aumenta a chance de desenvolver o problema.
Além disso, a presença de muitas verrugas no parceiro transmissor do vírus pode aumentar a probabilidade de manifestação, visto que quanto maior é a quantidade de lesões, maior é a carga e a atividade viral.
Como eliminar HPV naturalmente?

Flávia Fairbanks explica que o papel do sistema imunológico é fundamental para controlar o HPV, principalmente ser houver o fortalecimento do sistema de defesa genital. Formado por anticorpos chamados imunoglobulinas, ele pode ser protegido pelo uso de medicamentos tópicos e pela adoção de hábitos saudáveis.
Todavia, mesmo que o sistema imunológico elimine o HPV naturalmente, há a chance recidivas. “Em 90% das vezes o paciente se livra definitivamente, no restante o vírus não é erradicado totalmente e pode voltar. Nesses casos, o tratamento tem de ser refeito”, esclarece a especialista.
A mulher também pode voltar a contrair um dos outros tipos de papiloma, o que dá margem para o retorno da doença.
Entenda quais são as práticas que podem ajudá-lo a fazer o HPV sumir naturalmente.
Aposte em hábitos saudáveis

Seguir uma dieta balanceada e praticar exercícios é um conhecido segredo para prevenir e melhorar o prognóstico de grande parte das doenças. Como HPV não é diferente.
Alimentos para eliminar HPV
Uma boa opção é abusar de frutas cítricas, além de alguns vegetais verdes. Eles contêm vitamina C, que fortalece as células de defesa do organismo e consequentemente aumenta a imunidade. Laranja, limão, acerola e couve são boas opções.
Outra dica é apostar nos produtos que possuem o pigmento carotenoide, responsável por deixar os alimentos coloridos, como cenoura, mamão e manga, brócolis e espinafre. Com poder antioxidante, eles combate os radicais livres que oxidam as células e geram doenças. De acordo com a ginecologista Flávia Fairbanks, essa ação também ajuda bastante no tratamento e prevenção da infecção por HPV e contribui com a imunidade.
Evite drogas

O uso de drogas, cigarro e álcool também diminui a defesa do organismo. Portanto, o melhor é evitá-los.
Medicamentos

Também é possível fazer uso de medicamentos que melhoram a resposta imune do indivíduo infectado. Este tipo de cuidado pode ser associado ao tratamento direto sobre as lesões com aplicação de ácidos, cauterizações, etc. Os principais compostos imunoterápicos são:
Interferon
Esse composto existe naturalmente no corpo, mas sua suplementação oral ou tópica, sob prescrição médica, potencializa o combate à reprodução de micro-organismos prejudiciais, como o vírus do HPV, e estimula a ação dos anticorpos.
Imiquimod
Meio de tratamento tópico que deve ser aplicado diretamente na lesão por HPV. A fórmula potencializa a criação natural do interferon, composto antiviral que impede a reprodução do vírus.
O tratamento com este medicamento deve ser realizado apenas sob indicação médica, visto que há um jeito e frequência corretos para aplicação da pomada.
Prevenção do HPV
De acordo com os médicos entrevistados, mesmo havendo formas de tratamento eficazes, o ideal prevenir o contágio por HPV, que pode ser feito por meio de:
Preservativo

A camisinha não impede o contágio por HPV, visto que não é preciso ter penetração para que o vírus seja transmitido. Apesar disso, ela pode diminuir a chance de contaminação.
Controlar número de parceiros
Ter muitos parceiros ou parceiras aumenta a chance de contágio pelo vírus. O infectologista Gilberto Turcato aconselha reduzir a quantidade de relações sexuais com pessoas diferentes e, se possível, avaliar seus históricos.
Vacina

Outra forma de proteção contra o vírus é tomar a vacina contra HPV. Distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é indicada para meninas de 9 a 13 anos e meninos de 12 a 13 anos, faixa etária que antecede o início da vida sexual.
Apesar disso, existem laboratórios e clínicas particulares que oferecem a imunização para pessoas fora dessa idade, o que fornece uma proteção menos restrita.
Exames
O diagnóstico precoce das feridas por HPV melhora o prognóstico e é essencial para evitar complicações, como câncer. Exames periódicos como papanicolau, colposcopia e peniscopia são de grande valia, já que identificam o vírus em sua fase ativa.