Fungo africano identificado pela 1ª vez no Brasil: o que ele faz e como se proteger?

Dois irmãos da cidade do Rio de Janeiro foram identificados com um novo fungo que até então só era visto fora da América do Sul. Causador de uma micose na cabeça, esse micro-organismo levanta um alerta quanto à sua possível presença no Brasil há muito mais tempo do que se imagina. 

Fungo africano identificado no Brasil

Chamado de Microsporum audouinii, o fungo foi identificado por cinco pesquisadores do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) após dois meninos do bairro carioca de Manguinhos, um de 6 e outro de 8 anos, o contraírem.

Eles apresentavam um tipo de micose na cabeça chamada de Tinea capitis, ou popularmente “tinha da cabeça”. A doença já foi vista antes na América do Sul, mas seu causador era o Microsporum canis, um tipo de fungo transmitido por cães e gatos.

Já o audouinii tem origem africana e nunca tinha sido detectado no País. Sua transmissão ocorre de pessoa para pessoa.

Em estudo publicado na revista Mycopathologia, os pesquisadores afirmaram que foram reportadas micoses por esse micro-organismo em países europeus, especialmente a França, mas em pacientes refugiados ou turistas que a contraíram na África.

Como chegou aqui?

Contudo, os garotos brasileiros nunca viajaram para o continente africano, o que leva os pesquisadores a acreditarem que o fungo sempre esteve presente no Brasil, mas foi confundido com sua outra espécie ou já foi identificado mas nunca reportado ao Ministério da Saúde ou a outro órgão regulatório.

Sintomas

Tanto a tinha da cabeça causada pelo M. canis quanto o  M. audouinii produzem sintomas parecidos. Eles incluem perda de cabelo concentrada em uma região, couro cabeludo com coceira, vermelho e inflamado.

Já o tratamento – que foi responsável pela cura dos jovens – é composto por antifúngicos orais como griseofulvina e fluconazol.

Como o fungo é transmitido pelo contato entre pessoas, também é necessário realizar uma investigação no entorno das pessoas infectadas – o que a Fiocruz já realiza em Manguinhos – a fim de evitar a propagação do problema.

Como se proteger?

Ao que tudo indica, o problema ainda é isolado no Brasil e não tem risco de se espalhar. Apesar disso, as medidas para evitar a proliferação de micoses na cabeça é evitar o uso compartilhado de itens pessoais como chapéus e bonés. 

Caso os sintomas surjam, o ideal é buscar um dermatologista para que o tratamento adequado seja indicado.

Fungos e micoses