Os famosos fidget spinners ou hand spinners viraram febre nos últimos meses no Brasil e no mundo. Trata-se de um pequeno objeto composto por três pontas arredondadas que, quando impulsionadas, rodam na ponta dos dedos de quem o segura.
O objetivo do brinquedo é que pessoa foque sua atenção no movimento das pontas. Por isso, ele promete melhorar a concentração cerebral, amenizar sintomas de estresse, ansiedade, depressão e até hiperatividade.
Fidget spinner: o que é?
A norte-americana Catherine Hettinger lançou em 1993 o primeiro spinner. Cerca de 12 anos e algumas mudanças depois, eis que o brinquedo virou moda entre crianças, jovens e adultos.
Sua criação realmente foi destinada para ajudar pessoas com transtornos mentais, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
Estudo sobre spinner: faz bem mesmo?
No entanto, um dos primeiros estudos sobre o spinner acaba de ser publicado pelo Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, no interior de São Paulo, e sugere que não há evidências que apontem para esses benefícios.
A neuropediatra Maria Augusta Montenegro, professora e pesquisadora do Departamento de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, explica que o estudo não apresentou evidências científicas de que o spinner realmente seja eficaz no alívio mental.
Montenegro afirma que, para algumas pessoas, é possível que os movimentos repetitivos possam ser relaxantes e, dessa forma, melhorar a concentração. Porém, nenhum estudo científico ainda demonstrou isso.
Estudo da UNICAMP sobre spinner
A pesquisa brasileira foi feita com 34 estudantes de medicina e médicos-residentes, entre 18 e 27 anos de idade. Nenhum deles tinha transtornos de desenvolvimento ou psiquiátrico, tampouco estava fazendo uso de medicamentos psicoativos.
Os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos. A partir disso, foram feitos testes de leitura de sequências de números e letras em ordem direta, inversa e de maneira a reordenar a sequência.
Um dos grupos brincou livremente com o spinner enquanto fazia o teste. Já o outro fez o teste sem brincar com o spinner.
Após o experimento, o desempenho de ambos os grupos foi comparado. E a maioria dos voluntários que utilizou o spinner afirmou que o brinquedo era “irritante” e que preferia fazer o teste sem ele.
Eles ainda disseram que queriam parar de girar o spinner enquanto estavam respondendo ao questionário ou o girariam no mesmo ritmo que diziam cada número ou letra.
Portanto, Maria Augusta afirma que o spinner não melhorou o desempenho e a capacidade de atenção em adultos jovens.
Porém, vale ressaltar que ainda são necessários estudos com crianças, pois é improvável que o spinner possa melhorar a atenção em pequenos saudáveis sem distúrbios do desenvolvimento ou TDAH.
Crianças com transtorno de movimento estereotipado
Há ainda outra hipótese sobre os efeitos benéficos do spinner. Os estudiosos da Unicamp sugerem que quem sofre com transtorno de movimento estereotipado, que consiste em agitações corporais repetitivas, possa realmente se beneficiar do spinner.
Isso porque é um sintoma que pode ser evitado com outras distrações sensoriais. Logo, brincar e equilibrar um spinner no dedo talvez possa ser uma maneira de tirar o foco de outros gestos que resultem em uma agitação corporal repetitiva.