Afinal, as chances de haver um resultado falso-positivo justificam não fazer a mamografia? Entenda!
Quando se fala dos prós e contras da mamografia, o resultado falso-positivo é um dos primeiros malefícios que vêm à cabeça. Mas o significado desse termo, um tanto técnico, muitas mulheres ainda desconhecem. Suas implicações na saúde feminina, portanto, também permanecem nebulosas.
Entenda abaixo o que é um falso-positivo na mamografia e quais as chances dele acontecer:
O que é o resultado falso-positivo na mamografia?
O oncologista Gilberto Amorim, diretor da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, explica que o resultado falso-positivo pode acontecer com qualquer exame, seja de imagem, sangue, clínico, bioquímico ou de qualquer outra natureza.
No caso da mamografia ou do ultrassom, ele acontece quando aspectos da mama são interpretados como um possível câncer de mama – mas, posteriormente, isso mostra o contrário.

O que acontece com a mulher após o resultado falso-positivo
Laudo da mamografia
Os laudos dos exames costumam trazer a nomenclatura BI-RADs, classificação que vai de 1 a 5 para mulheres até então sem câncer e indica ao médico o que foi encontrado. O número 1 significa que nada foi encontrado, e o 5 mostra que há uma lesão muito suspeita de câncer.
Biópsia da mama
Segundo o mastologista José Luís Esteves, membro da Sociedade Brasileira de Mastologia, quando o exame traz os BI-RADs 4 ou 5, a mulher precisa se submeter uma biópsia. Nesse procedimento, retira-se um fragmento da área em que foi detectada a alteração. O tecido é então encaminhado para análise imunoistoquímica, exame padrão ouro para dizer se a lesão é ou não um câncer.
Quando a biópsia não confirma a suspeita de câncer de mama levantada na mamografia, se diz que o resultado da mamografia foi falso-positivo. De acordo com o oncologista, entre os exames com BI-RADs 4, 30% dos tumores são confirmados na biópsia e 70% não são cânceres.
Efeitos psicológicos do falso-positivo na mamografia
Além da biópsia ser um procedimento invasivo e doloroso, a possibilidade de se ter um câncer de mama provoca efeitos psicológicos. De acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (EUA), o falso-positivo na mamografia afeta o retorno ao médico para fazer mamografia. Isso porque ele as deixa mais ansiosas e estressadas e faz com que elas façam autoexame da mama com mais frequência.

Por que o falso-positivo na mamografia acontece e como evitá-lo?
De acordo com uma análise realizada por pesquisadoras da Universidade de Harvard, mulheres que dos 40 aos 50 anos fazem uma mamografia ao ano (ou seja, 10 no período) têm um risco acumulado de 61% de ter um falso-positivo na mamografia.
O que alguns artigos científicos dizem, como a revisão de estudos feita pela Universidade de Harvard, é que a incidência de resultado falso-positivo é maior em mulheres mais jovens (com menos de 50 anos) e em situações nas quais o intervalo de tempo em cada mamografia é de apenas um ano.
No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda a realização de mamografias bianualmente a partir dos 50 anos. Mas associações de saúde, como a Sociedade Brasileira de Mastologia, defendem o início da realização mais cedo, aos 40 anos.
A justificativa, neste caso, seria o aumento da sobrevida das mulheres mais jovens, uma vez que, segundo a instituição, há taxas altas de incidência de câncer (de 20% a 30%) entre as brasileiras com menos de 50 anos.

Deixar de fazer mamografia não é o caminho
O mais indicado, portanto, é conversar com um médico de confiança. Os benefícios da mamografia ainda superam os possíveis malefícios, e esse exame salva inúmeras vidas com a capacidade de diagnóstico precoce que nenhum outro tem. Sendo assim, mantenha o acompanhamento médico em dia e, se tiver casos de câncer de mama na família, o informe para que se possa definir o melhor método de rastreio.