Engana-se quem acha que os efeitos do álcool no organismo se resumem ao enjoo e sociabilidade que ele confere. O consumo frequente dessa substância afeta todo o corpo e aumenta o risco de desenvolver doenças graves. Entenda:
Como o álcool é processado pelo corpo?
O cardiologista Laercio Natal Fonseca Júnior, da Clínica Megamed, explica que, após a bebida alcoólica ser ingerida, ela passa pelo estômago de maneira muito rápida e é encaminhada para o intestino delgado. Lá, entra na corrente sanguínea e é distribuída para todas as partes do corpo.
Uma parcela da substância passa pelo fígado, em que é metabolizada e eliminada pela urina, suor e respiração. Já outra demora mais para ser processada, sendo necessárias diversas passagens por este órgão até que seja totalmente eliminada.
Efeitos do excesso de álcool no organismo
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, não há níveis seguros de consumo de álcool. No entanto, o risco de problemas de saúde é ainda maior quando a ingestão ultrapassa duas doses por dia ou nos casos em que o indivíduo não para de beber ao menos dois dias na semana.
A seguir, veja efeitos prejudiciais do álcool:
No cérebro
Resistência à substância
Segundo o cardiologista Laercio, o álcool interfere no neurotransmissor ácido gama-aminobutírico (GABA), que controla a ansiedade, o que explica a sensação calmante que ele confere.
Apesar do benefício momentâneo, o consumo excessivo e/ou constante faz com que os neurônios se tornem resistentes à influência dessa substância, criando a necessidade de beber cada vez mais para conseguir a esperada sensação de relaxamento.
“Isso explica por que muitas pessoas bebem volumosas quantias de álcool e ainda parecerem sóbrias”, exemplifica o médico.
Demência e problemas de memória
A cognição também é afetada pelo álcool, gerando problemas que vão desde a perda de memória até demência.
Além disso, a pessoa pode perder a sensibilidade dos nervos espalhados pelo corpo, sentindo dormência e formigamento.
No estômago
O tecido do estômago sofre com o etanol, pois ele aumenta a produção de ácido gástrico e predispõe o desenvolvimento de úlceras e doenças como a síndrome de Mallory-Weiss, que causa ferida e sangramento nas paredes que unem o estômago ao esôfago.
No fígado
Esteatose hepática
Os efeitos do álcool no corpo geram acúmulo de gordura no fígado. A condição é chamada de esteatose hepática e tem risco de evoluir para cirrose.
Hepatite
Como modifica diversas estruturas celulares, o álcool ainda leva à inflamação celular crônica do fígado que resulta em hepatite, doença causadora de dor ou desconforto abdominal, inchaço e falta de apetite.
Cirrose hepática
Em alguns casos, as células não resistem à ação do etanol e morrem, sendo substituídas por um tecido fibroso que reprime a função do fígado. Esse quadro é grave e a falta de cuidado pode levar à morte.
Nos olhos
O alcoolismo gera deficiência de vitamina B1 e zinco. A carência dessas substâncias causa inflamação do nervo óptico, quadro que provoca dor e problemas de visão, como cegueira parcial ou total e vista embaçada.
Pâncreas
Ainda pode haver pancreatite, que é a inflamação crônica do pâncreas. Em casos graves, a doença gera tecido necrosado que compromete as atividades do órgão.
No aparelho reprodutor
O etanol ainda aumenta a acidez e eleva a velocidade pela qual as células se reproduzem, o que afeta a fertilidade.
Nos rins
A função renal também sofre interferência: o fluxo de urina e a concentração de eletrólitos no sangue são aumentados. Com isso, pode haver doença renal crônica.
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