“Droga viva”: o que é o novo tratamento que transforma célula em remédio contra câncer?

Já imaginou um remédio que não insere substâncias sintéticas no organismo, mas transforma as próprias células em uma potente arma viva contra o câncer? Ele está a um passo de ser aprovado.

Um painel de especialistas da agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) recomendou a aprovação do primeiro tratamento do gênero, chamado CTL019, voltado a um tipo de leucemia em jovens de 3 a 25 anos.

Primeiro tratamento individual contra câncer

Fabricada pela farmacêutica Novartis e criada pela Universidade da Pensilvânia, a terapia apelidada de “droga viva” é complexa.

Como é feita?

Primeiramente, são removidas e congeladas milhares de células T, um tipo de glóbulo branco presente no sangue do paciente.

Em seguida, as células são modificadas em laboratório. A técnica de transformação usa uma forma inativa do vírus HIV para reprogramá-las e fazer com que se liguem a uma proteína presente em células B – estruturas do sistema imunológico que causam a leucemia.

Este processo faz com que os componentes modificados ataquem os malignos.

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Então, é só aplicar os antígenos na corrente sanguínea do mesmo paciente que as doou e esperar que elas se multipliquem e destruam o câncer.

Todo o processo de modificação genética leva 22 dias e apenas uma célula alterada combate até cem mil cancerígenas.

Quem pode usar: voltado a crianças e jovens

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O tipo de doença que o comitê da FDA recomenda tratar é a leucemia linfoblástica aguda de células B. A maior incidência desse diagnóstico (25%) ocorre em pacientes menores de 15 anos.

A droga é indicada apenas para indivíduos de 3 a 25 anos que tiveram recidiva ou que o tratamento convencional não funcionou, o que corresponde a 15% dos doentes.

Efeitos colaterais

Febre altíssima e constante, pressão arterial acima do padrão e congestionamento pulmonar são apenas alguns dois graves efeitos adjacentes dessa terapia imunológica. Outro risco é que ainda são desconhecidas as consequências para a saúde no futuro.

Segundo a FDA, a utilização das células modificadas contra câncer nos casos indicados é recomendada pois os benefícios ultrapassam os malefícios, sendo uma alternativa esperançosa para quem sofre com esse tipo de leucemia.

Preço alto, mas eficácia comprovada

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Se realmente aprovado, o tratamento será realizado em 30 centros treinados da farmacêutica Novartis e, de acordo com especialistas ouvidos pelo jornal norte-americano The New York Times, custará aproximadamente 300 mil dólares, quase um milhão de reais.

Também há planos para que a terapia CTL019 chegue em outros países até o fim do ano, especialmente os da União Europeia. Não há previsão para sua inserção no Brasil.

Apesar do alto custo e efeitos colaterais, as células modificadas são uma esperança para quem já não sabe mais a o que recorrer, visto que apenas uma dose causa remissões da leucemia realmente significativas e longas.

Tratamento do câncer