Drauzio expõe situação alarmante com MMS e Anvisa alerta: “remédio” falso é proibido

A recente popularização do uso de uma substância conhecida como “MMS” para tratar autismo em crianças e outras doenças está gerando preocupação entre autoridades de saúde e levou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e especialistas a se pronunciarem sobre os riscos de sua utilização.

Apesar de o Transtornos do Espectro Autista (TEA) não ter cura ou sequer causas definidas, a “cura milagrosa” promete acabar com os supostos vermes causadores da condição, algo que médicos e órgãos estão lutando para desmentir desde que o boato – que não é novo – voltou a viralizar nas redes sociais, enganando pais.

Perigos do “MMS”

Especialmente entre pais de crianças autistas, esse tipo de “tratamento” não é um assunto novo, mas ele veio à tona nas redes sociais recentemente quando a jornalista Andréa Werner usou seu perfil no Twitter para fazer novos alertas a respeito da questão e acabou viralizando na rede social.

Familiarizada com esse tipo de transtorno por ter um filho autista, a jornalista expôs diversas postagens feitas por pais que dizem ter utilizado algo conhecido como “MMS” em suas crianças para “curar” o distúrbio, mas essa substância é, na realidade, dióxido de cloro diluído e oferece riscos à saúde.

O que é?

A sigla “MMS” vem de ” Miracle Mineral Supplement” (“suplemento mineral milagroso” em tradução livre) e seu uso é promovido como uma forma de curar não apenas o autismo mas também Aids, malária, hepatite e até câncer. A matéria-prima do MSS, no entanto, é um componente usado em produtos de limpeza e tratamento de água e os “resultados” alardeados por pais e até médicos são resultado do quão destrutivo ele é para o organismo.

Com a repercussão do tema, o médico Drauzio Varella usou seu perfil no Instagram para desencorajar a crença, explicando o que o “MMS” realmente causa quando usado para fins terapêuticos. “A criança, quando não consegue tomar, porque o gosto é horrível, eles [vendedores] aconselham fazer um enema, jogar essa substância tóxica no reto da criança. Isso descama o intestino da criança”, afirma.

https://www.instagram.com/p/Bx-0VnppdCV/

Algo comum entre relatos de adeptos do “tratamento” é a ideia de que, após a administração do “MMS”, a criança eliminaria os tais “vermes causadores do autismo”, o que Drauzio desmente. “Não é verme coisa nenhuma! É a mucosa que é destruída por essa mistura”, alerta o médico, ressaltando que o produto é “praticamente água sanitária”.

Ainda que muitos tenham ficado assombrados com as denúncias feitas pela jornalista no Twitter, a quantidade de pessoas que usam e indicam o “MMS” para esses fins é grande e, para pais desesperados, a ideia de uma cura milagrosa e de fácil acesso online pode parecer convidativa – algo que fez até a Agência Nacional de Vigilância Sanitária se pronunciar sobre a questão.

Anvisa alerta sobre “MMS”

Em seu site, a Anvisa confirmou a crença em supostas propriedades terapêuticas do “MMS”, mas deixou claro que esse fim não é cientificamente comprovado.

“O uso do dióxido de cloro vem sendo divulgado como uma cura ‘milagrosa’ para diversas doenças, entre elas o autismo. O produto, na verdade, é uma substância utilizada na formulação de produtos de limpeza, como alvejantes e tratamento de água. O dióxido de cloro não tem aprovação como medicamento em nenhum lugar do mundo. A sua ingestão traz riscos imediatos e a longo prazo para os pacientes, principalmente às crianças.”

Ainda de acordo com a publicação, o dióxido de cloro – que tem fabricação, distribuição, comercialização e uso proibidos pelo órgão desde 2018 – é uma substância corrosiva que oferece riscos até a partir da inalação, mas, apesar de tudo isso, ainda é facilmente encontrada à venda na internet.

Com novas denúncias de lojas online que oferecem o produto para compra, a Anvisa lançou, inclusive, uma campanha recente de conscientização que foi compartilhada pelo órgão em suas redes sociais. Segundo o comunicado, eles estão fazendo uma ação coordenada com a Vigilância Sanitária dos estados e municípios para coibir a comercialização e fiscalizar a fabricação desse produto.

“No dia 25 de abril, a Agência já havia solicitado ao site Mercado Livre a retirada de dois anúncios do ar. Os anúncios traziam indicações de uso para tratamento para autismo e ofereciam protocolos de uso do produto para seus compradores. (…) Esta é uma medida cautelar, diante do risco que esse produto pode trazer para o usuário. A Anvisa mantém um acordo de cooperação com a plataforma Mercado Livre para coibir a venda de produtos irregulares e que colocam em risco a saúde das pessoas”, esclarece a agência.

Além disso, o órgão também incentiva que, além de não fazerem uso do “MMS”, as pessoas denunciem anúncios de venda irregular da “solução milagrosa” – cujo uso é, segundo eles, é uma infração sanitária sujeita a multa e um crime contra a saúde pública (de acordo com o Código Penal).

Segurança e saúde infantil