Doença grave faz atriz ter ‘apagões’: após 8 anos, ela assumiu para vencer preconceito

Após oito anos do diagnóstico, a atriz Júlia Almeida, filha do autor de novelas Manoel Carlos, decidiu revelar que sofre de epilepsia, uma condição neurológica grave que pode impactar seriamente a qualidade de vida do paciente.

Segundo contou a atriz ao blog da repórter Marina Caruso, do jornal O Globo, ela convive com a epilepsia desde os 27 anos de idade e, ao falar abertamente sobre o assunto, pretende desconstruir o preconceito.

A atriz de 35 anos já fez papeis em novelas globais como “Laços de Família”, “Mulheres Apaixonadas” e, mais recentemente, “Tempo de Amar”.

Júlia Almeida tem epilepsia

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Júlia contou que recebeu o diagnóstico depois que teve convulsões e meningite. Após anos sem manifestar o problema, voltou a ter crises recentemente.

“Já convulsionei. Mas o que mais tenho são ausências. Fico ‘out’ por alguns segundos. Falo coisas sem nexo e depois retomo. Acontece principalmente se estou sob estresse ou dormi pouco. Passei a ter a vida mais regrada para evitar”, explicou Júlia durante a entrevista.

A condição neurológica, como prefere chamar a epilepsia, a fez adaptar sua vida em outras áreas também. Hoje ela não dirige sozinha e controla a ingestão de bebidas alcoólicas: só consome no máximo duas taças. Pratica, ainda, yoga e meditação.

“Agora, aos 35 anos, com a vida bem regrada, é que começo a pensar em engravidar”, diz a atriz, que também afirma por que resolveu falar da condição agora: “Vivi um período de negação. Só agora me senti pronta para combater o preconceito”. Para isso, a filha de Manoel Carlos está organizando um debate no Rio de Janeiro sobre a doença.

O que é a epilepsia?

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Luciano de Paola, coordenador do Departamento Científico de Epilepsia da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), afirma que a meningite pode ser uma das causas para a doença, assim como ocorreu com Júlia.

“Pode estar relacionada a doenças ou traumas, como a encefalite, acidentes vasculares, meningite e derrames”, afirma.

De acordo com informações da Academia Brasileira de Neurologia, a epilepsia é uma doença do cérebro que acomete cerca de 2 a 3% da população mundial.

Trata-se de uma condição que afeta temporariamente o funcionamento do cérebro durante alguns segundos ou minutos. Parte do órgão emite sinais incorretos e os sintomas podem ser mais ou menos evidentes.

Laura Guilhoto, presidente da Associação Brasileira de Epilepsia, afirma que 70% dos pacientes são controlados e levam uma vida normal.

Tipos de epilepsia

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Existem, por exemplo, crises de ausência, como citado por Júlia Almeida, em que a pessoa se “desliga” por alguns instantes. Nesses casos, o que pode acontecer é uma distorção de percepção, movimentos descoordenados, entre outros sintomas.

Se a perda de consciência realmente acontecer, o nome adequado é crise parcial complexa.

Entre os tantos tipos de crise, há ainda aquele em que a pessoa perde a consciência, cai, fica com o corpo rígido e depois as extremidade do corpo tremem e se contraem, chamada de tônico-clônica.

Se a pessoa ficar inconsciente por mais de 30 minutos, pode haver prejuízo das funções cerebrais.

Causa

O diagnóstico de epilepsia pode ter relação com doenças como a meningite, mas, ainda assim, Luciano de Paola, coordenador do Departamento Científico de Epilepsia da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), afirma que 40% dos pacientes não descobrem a verdadeira causa do problema.

Tratamento

O paciente precisa seguir um estilo de vida mais tranquilo e saudável, como dormir bem, praticar esportes, evitar estímulos estressantes e fazer uso de medicamentos, caso seja orientação do médico.

Tem cura?

A neurologista infantil Adélia Henrique Souza afirma que a medicina ainda não descobriu a cura para a doença.

No entanto, se um indivíduo permanecer um longo período sem crises epiléticas, é possível dizer que a epilepsia está resolvida.

Diferença entre epilepsia e convulsão

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A convulsão se caracteriza pela contração muscular involuntária do corpo todo. “A causa é o aumento excessivo da atividade elétrica em áreas específicas do cérebro”, explica o professor de saúde da Universidade Municipal de São Caetano do Sul William Malagutti.

A condição é marcada ainda pela perda súbita de consciência e, depois, por relaxamentos e contrações musculares.

Já a epilepsia é uma doença que tende a predispor a pessoa a ter convulsões.

Epilepsia e convulsão