Doença fez atriz sentir dor todos os dias por 27 anos e quase a levou a suicídio: entenda

Conhecida por fazer as pessoas darem muitas risadas com a personagem Haley Dunphy na série “Modern Family”, a atriz Sarah Hyland teve um momento em seu passado que difere muito da alegria contagiante que transmite em seu trabalho.

É que, por conta de uma doença renal, Sarah revelou à apresentadora Ellen DeGeneres no programa “The Ellen DeGeneres Show” ter desenvolvido uma depressão bastante grave – uma situação de sua vida que procura lembrar para poder ajudar outras pessoas que passam por experiências similares à dela.

Doença renal de Sarah Hyland levou à depressão

Desde o nascimento, Sarah convive com uma doença renal chamada displasia cística renal congênita – uma condição que afeta o trato urinário e que leva à má-formação dos rins e ao desenvolvimento de cistos na região.

Uma das manifestações da displasia são fortes dores na região próxima aos rins – sintoma que corroborou para o desenvolvimento da depressão de Sarah.

“Vinte e seis, 27 anos doente, com dores crônicas diárias e sem saber se você vai ter o dia seguinte. É bem, bem difícil”, descreveu a atriz.

A depressão de Sarah chegou a um ponto em que a atriz cogitou o suicídio. “Eu escrevia cartas na minha cabeça para as pessoas que amava explicando minhas razões por trás da decisão, como não era culpa de ninguém. E eu não queria escrever no papel porque eu não queria que ninguém descobrisse, não queria ninguém próximo porque eu sabia que poderiam me persuadir”, detalhou a artista de 28 anos.

Falar sobre depressão ajuda

A displasia não é mais um problema com que Sarah precisa lidar em sua vida, já que um dos tratamentos possíveis para a doença é o transplante renal e foi o que a ajudou a resolver o quadro de saúde.

A primeira tentativa de transplante aconteceu em 2012, quando Sarah recebeu o órgão do pai. Porém, seu organismo o rejeitou. Devido ao fracasso da primeira cirurgia, a atriz passou a fazer diálises até que o irmão mais novo conseguisse doar o rim para ela em setembro de 2017. Nessa nova tentativa a compatibilidade foi perfeita.

A depressão também já foi superada por Sarah. E, assim como a displasia, não foi tão fácil para a atriz. Isso porque quando dizia que precisava conversar com um terapeuta sobre seus sentimentos conflituosos, Sarah sentia que as pessoas questionavam a real necessidade da ajuda de um especialista.

“Eu dizia que precisava voltar à terapia e me falavam: ‘Por que você precisa ver um terapeuta se você pode falar comigo?’ E quando eu falava em voz alta ouvia: ‘Você precisa ver um terapeuta!’”, lembrou Sarah.

Hoje em dia, a atriz que ainda precisa lidar com outros quadros de saúde que lhe causam dor, como endometriose, artrite e hérnia abdominal, sabe que a ajuda de um profissional para cuidar de sua saúde mental foi fundamental.

Por esse motivo, ela gosta de contar como foi a sua experiência para poder ajudar outras pessoas que passam por situações similares à dela. “Estou apenas contando minha história. Acredito que dizer isso em voz alta e para alguém realmente deixa tudo menos ridículo e coloca as coisas sob perspectiva”, finalizou.

Suicídio: como conversar

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Falar sobre suicídio já é uma forma de mostrar que a sociedade não dá as costas para os problemas das pessoas. Ajudar, de maneira sincera e sem julgamentos, é também um passo fundamental na prevenção e diminuição de casos – segundo a Organização Mundial de Saúde, há uma morte a cada 40 segundos.

Porém, por se tratar de um tema delicado, é preciso cuidado. “Um suporte de um amigo, familiar ou até de quem você não conhece bem é sempre bom. Qualquer situação de abertura para conversar pode fazer bem. Mas, a ajuda deve ser sem julgamentos. A famosa frase ‘você precisa levantar e reagir’ faz muito mal a quem tem depressão”, avisa psicóloga Karen Scavacini.

A especialistas ainda lembra que nem sempre alguém que tem depressão vive prostrado e sem vontade de sair de casa. “Muitos casos de suicídio nem tiveram a depressão cuidada, pois às vezes a doença não tem aquela característica de não querer sair da cama”, analisa. “Em homens, principalmente, ela pode se apresentar pela agressividade”.

Por fim, vale lembrar que aqui no Brasil o Centro de Valorização da Vida, o CVV, é um serviço voluntário de apoio emocional e prevenção ao suicídio que atua em 18 estados brasileiros, além do Distrito Federal. O atendimento é feito de várias formas, desde pessoalmente até por meios virtuais, como e-mail e Skype.

Saúde mental