Devido ao atual estágio de transmissão comunitária do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no Brasil, o Ministério da Saúde recomendou que a população evite interações físicas entre si e alguns estados já adotaram quarentena.
Isso acarretou em uma série de mudanças cotidianas, entre elas a adoção do home office por parte das empresas. Mas como tornar o trabalho em casa uma prática saudável e responsável?
Isolamento social para conter COVID-19
Desde o dia 13 de março, o Ministério da Saúde passou a notificar a população nacional sobre os primeiros casos de transmissão comunitária no País – isto é, quando não é possível detectar a cadeia de transmissão do vírus e ela não depende mais de casos “importados” de países afetados para se disseminar no território nacional.
Assim, a recomendação à população, empresas e governos estaduais e municipais para a contenção de COVID-19 no país é reduzir a interação física.
O chamado distanciamento social, uma forma de isolamento, segundo o infectologista João Prats, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, é eficaz para evitar que a transmissão do vírus SARS-CoV-2 seja maior e também para que o uso do sistema de saúde seja sustentável.
“A ideia é distanciar pessoas doentes das que estão suscetíveis ao vírus, especialmente as de maior risco. Quando fazemos isso, a epidemia não vai deixar de circular completamente, porque é impossível zerar as interações, mas o número de casos vai ser menor, assim como o pico da epidemia, e não sobrecarregamos o nosso sistema de saúde”, diz Prats.
Home office durante a pandemia de COVID-19: dicas
Com a recomendação do Ministério da Saúde e de muitos governos estaduais, como é o caso de São Paulo, para que a população permaneça isolada em casa neste momento para evitar o aumento da transmissão de SARS-CoV-2, o home office se tornou uma alternativa para muitos trabalhadores.
Abaixo, veja algumas orientações para que os cuidados no home office nesta época de distanciamento social sejam direcionados para que tanto o corpo quanto a mente estejam saudáveis:
Crie uma rotina
A ideia de rotina não tem a ver só com produtividade. Manter uma organização das nossas tarefas diárias é importante também para que a saúde mental não desande.
“O nosso cérebro gosta de rotina e faz bem para a saúde mental manter uma rotina organizada: um horário para acordar, para fazer as refeições, para ter um sono renovador. Isto tudo é muito importante. Manter uma rotina dentro do lar é fundamental porque isso baixa o nível de estresse e de ansiedade”, diz a psicóloga Marilene Kehdi.
Não fique de pijama o dia inteiro
Segundo Marilene, permanecer de pijama pode despertar angustia em si e nos outros moradores da casa.
Ao acordoar, a recomendação da psicóloga é vestir roupas que você usaria para trabalhar – mas, claro, desde que sejam confortáveis.
“Não precisa se arrumar muito, mas evite fugir da sua realidade diária. Não precisa colocar salto alto, a menos que você se sinta bem assim. O importante é tirar o pijama”, diz Marilene.
Rotina dos filhos
Se há crianças em casa, planeje como será a sua rotina laboral com as atividades dos pequenos: veja como será a adaptação da rotina escolar deles neste isolamento, crie atividades de entretenimento para ocupar o tempo livre em casa (brincadeiras, jogos), entre outros.
“Converse com as crianças e adolescentes, explicando que há horário para tudo, inclusive para estudar, para que o ritmo de aprendizado não seja perdido”, orienta Marilene.
Alimentação: cuidado com a compulsão alimentar
O momento que vivemos é por si só muito estressante. Por isso, Marilene pede atenção à alimentação, para que ela seja feita de maneira saudável e também nos horários certos. Além de garantir bem-estar, isto ajuda a fortalecer a imunidade.
“Este cuidado é para que a compulsão alimentar não seja desenvolvida durante o período de home office”, diz a psicóloga.
Compartilhar utensílios
Caso algum morador da casa esteja com sintomas de gripe ou diagnosticado com COVID-19, a orientação é que estas pessoas usem talheres, copos e utensílios próprios, sem compartilhá-los com o restante da família.
“Neste caso, a recomendação é evitar compartilhar utensílios, como garfos e copos, e intensificar a limpeza da casa. De resto, recomendo vida normal, com atividades em família”, diz o infectologista João Prats.
Pedir comida
Por falar em alimentação, a comida pedida por delivery está funcionando neste momento de distanciamento social. Segundo Prats, não é preciso ter medo de contágio pelos serviços de entrega, mas sim tomar alguns cuidados ao receber a comida em casa.
A orientação do infectologista é: ao receber a refeição por delivery, higienize sempre as mãos com álcool em gel ou água e sabão. Descarte as embalagens, embalando em dois sacos de lixo, e higienize a chave de casa e o cartão de crédito (caso tenha sido utilizado na maquininha) com um pano umedecido com álcool 70.
Vale lembrar que a transmissão do vírus pelo alimento em si não é possível até onde há conhecimento das autoridades em saúde.
Idas ao mercado e farmácias
Prats explica que saídas pontuais estão permitidas nesta fase de isolamento. Mas, reforçamos: são pontuais.
“É sair para comprar itens essenciais: comida, remédio, itens de necessidades. Então, a recomendação é que pode, sim, sair para farmácia, mercado, padarias, porque comida e recursos básicos são essenciais, assim como ir a unidades de saúde.”
O que o médico explica é que a proposta da quarentena é limitar o acesso da população a espaços de entretenimento e lugares que tenham um número grande de pessoas. Por isso a restrição a bares, parques, a casa dos amigos, ou mesmo aos escritórios.
Trocar de roupa e tomar banho ao chegar em casa
Uma das recomendações que recebemos para esta pandemia de coronavírus é sempre higienizar as mãos.
Porém, Prats também indica a necessidade de trocar de roupa sempre que houver saídas para a rua.
A recomendação, segundo o especialista, é colocar, sempre que sair, a roupa para lavar e tomar um banho.
Idas à piscina e ao parquinho do prédio
A vida em isolamento em casa faz com que muitas pessoas queiram aproveitar o tempo para curtir o sol na piscina do prédio ou mesmo levar os filhos no parquinho do condomínio.
Por mais tentador que os espaços de convivência sejam, Prats não recomenda a experiência.
Na piscina, por exemplo, o problema não reside na interação da água com o corpo, já que o cloro até mataria o SARS-CoV-2. A questão está em objetos próximos à piscina, como cadeiras, mesas, escadas e que são de fácil contato com as mãos. “Esse objetos podem estar contaminados”, diz o infectologista.
O mesmo raciocínio funciona para os brinquedos do parquinho em que a criança e até mesmo o adulto coloca a mão e pode levar às vias respiratórias.
Exercícios físicos
Evitar a piscina ou mesmo o parquinho não impede de aproveitar o ar livre ou mesmo a prática de exercícios durante o isolamento e o período de home office.
A recomendação, aliás, é para que atividades físicas sejam realizadas neste período de isolamento. Segundo Saulo Nader, neurologista do Albert Einstein e da Universidade de São Paulo (USP), a prática de exercícios faz bem não só para o corpo, mas para o cérebro, já que libera substâncias responsáveis pelo bem-estar e até pela qualidade do sono.
A recomendação é que as atividades sejam: caminhar pelo quintal, na esteira, pular corda, dançar e até mesmo um exercício ao ar livre longe dos horários de pico na rua.
Atividades para aliviar o estresse
Técnica bastante conhecida para aliviar o estresse, a meditação é fortemente indicada durante os dias de home office neste momento de isolamento contra a COVID-19.
Marilene também indica a dança, leitura, canto e qualquer atividade que ajude a pessoa a aliviar o estresse do momento.
“É fazer coisas que te relaxem e que mantenham o seu equilíbrio. Quanto mais montar uma rotina organizada de atividade, gradualmente você irá se adaptar a ela e isso será melhor a todos em casa”, diz a psicóloga.
Terapia online
Cuidar da saúde mental também pede a ajuda de profissionais especializados, como os psicoterapeutas.
Com a recomendação de que se evite interações físicas, uma possibilidade para quem faz acompanhamento com terapeutas ou quem sente necessidade da psicoterapia são as sessões online por videochamada.
Aliás, muitas clínicas e psicólogos estão oferecendo atendimento gratuito em meio à pandemia, como apoio a quem está enfrentando ansiedade e pânico diante da situação.