COVID-19 também afeta o coração e pode deixar sequelas para a vida toda, diz médico
Além da possibilidade de gerar uma pneumonia grave, a COVID-19, infecção pelo novo coronavírus, também pode atacar o coração. Isso porque, conforme já observado por especialistas, o vírus pode interferir no sistema elétrico do coração – e isso, segundo o cardiologista André Gasparoto, é algo capaz de deixar sequelas para a vida toda em alguns dos pacientes.
Como a COVID-19 afeta o coração
De acordo com o médico, que é cardiologista da BP, a Beneficência Portuguesa de São Paulo, tem sido observado a COVID-19 afeta o coração ao interferir no sistema elétrico dele – ou seja, nos impulsos elétricos que o fazem bater e, por consequência, bombear sangue para o restante do corpo. Isso, conforme explica, pode diminuir a frequência cardíaca (a rapidez dos batimentos) e também gerar bloqueios.
Outro impacto da COVID-19 no coração é o fato de que a doença, em quadros graves, é bastante trombogênica, e isso significa que o organismo fica mais propenso a desenvolver trombos, coágulos que podem entupir veias e levar a problemas cardiovasculares. Além disso, o médico cita também a possibilidade de o vírus desencadear um quadro de miocardite, que é uma inflamação nas células do coração.
Mais sobre coração-Tasaudavel

Dor no braço direito pode ser infarto? Veja quais sinais um ataque cardíaco pode dar
Algo que ainda está sendo cuidadosamente observado, mas já foi registrado em diversas partes do mundo (inclusive no Brasil), é o aparecimento da chamada Síndrome Inflamatória Multissistêmica em crianças que tiveram COVID-19. De acordo com Caio Malachias, pediatra e diretor do Hospital Luís França, no Ceará, esta síndrome acomete o sistema vascular – que, por sua vez, está diretamente ligado ao coração.
Riscos e sequelas
Conforme explica Gasparoto, todos estes problemas podem trazer sequelas, e nem sempre elas são reversíveis. Segundo o cardiologista, dependendo do caso, a diminuição da frequência cardíaca, os bloqueios gerados pelo vírus e a miocardite podem desencadear uma insuficiência cardíaca, que, por sua vez, pode demandar um tratamento para a vida toda ou até levar à morte.
“Em alguns casos, a gente já tem visto paciente necessitar de marca-passo definitivo em função da atuação direta do vírus no sistema elétrico do coração, além de infarto. O infarto pode gerar insuficiência cardíaca e levar à morte. Nos sobreviventes, pode deixar o coração mais fraco, e esse déficit da bomba faz com que ele necessite de medicações para o resto da vida”, esclarece Gasparoto.
Já quanto a crianças afetadas pela Síndrome Inflamatória Multissistêmica – que nem sempre foram pacientes graves de COVID-19, mas mesmo assim desenvolveram a nova doença após o vírus desaparecer do organismo –, Malachias afirma que é possível haver a dilatação de artérias coronárias e o surgimento de lesões cardíacas. Nestes casos, é preciso monitorar constantemente o quadro para tentar revertê-lo ou estabilizá-lo.