Coronavírus: Mayra Cardi relata medo ao ver pessoas “de olhinho puxado” e gera revolta

Em meio à epidemia de COVID-19 no mundo e o medo de contrair o novo coronavírus, a ex-BBB Mayra Cardi fez uma viagem internacional usando máscara – situação que repercutiu não apenas pelo fato de que o ato não é aconselhado por órgãos de saúde quanto pela fala da coach na situação, expressando “desespero” ao estar diante de pessoas de origem asiática.

Mayra Cardi relata “desespero” diante de asiáticos

Indo a Buenos Aires, na Argentina, Mayra e o marido, o cantor e ator Arthur Aguiar, mostraram registros do embarque em que tanto eles quanto outras pessoas presentes no aeroporto apareciam com máscaras sobre o nariz e a boca (algo cada vez mais comum devido ao medo de contrair o coronavírus). Esta atitude em si já foi questionada na web – mas a polêmica real veio com a fala da coach.

https://www.instagram.com/p/B9PCqgbJA9U/?lite=1

Após comentar sobre a longa espera em uma fila no aeroporto, Mayra descreveu o clima, e disse ficar desesperada na presença de pessoas de origem asiática. “Uma pessoa tosse, a gente fica, como? Desesperado aqui. E quando a gente vê então que a pessoa tem o olhinho puxado e a gente não sabe da onde vem? Desesperador”, disse, aos risos com o marido. “A gente vê um grupo de chinês e entra em colapso, eu entro em colapso”, afirmou.

https://www.instagram.com/p/B9RfM7pBvlY/

Ainda usando a ferramenta Stories do Instagram, ela voltou a abordar o assunto do coronavírus e das máscaras, mas sem citar a fala sobre pessoas asiáticas. Em alguns vídeos, ela disse ter sido questionada sobre a necessidade de se usar a máscara (algo que a Organização Mundial da Saúde, a OMS, recomenda em pouquíssimos casos) e apontou falta de informações confiáveis sobre a doença por parte do governo.

Fala gera discussão sobre xenofobia

Após a publicação dos vídeos, diversos internautas se posicionaram contra a fala e o “desespero” de Mayra em seu Instagram e, no Twitter, são muitos os tuítes classificando a atitude da coach como discriminatória:

https://twitter.com/euteguioluan/status/1234835569924067329

https://twitter.com/amandahsyb/status/1234833111265021952

OMS orienta contra segregação

Desde o início da epidemia de coronavírus, a OMS tem emitido orientações e esclarecido notícias falsas a respeito do tema (bem como o Ministério da Saúde, especialmente após a confirmação do primeiro caso de COVID-19 no Brasil) – e algo que o órgão sempre frisa nas inúmeras coletivas de imprensa a respeito do vírus é o problema da segregação.

Como o vírus foi descoberto em Wuhan, na China, não é raro encontrar quem esteja agindo de maneira preconceituosa com asiáticos, em alguns casos proibindo-os de entrar em estabelecimentos e ofendendo-os nas ruas (como aconteceu com a atriz Ana Hikari, que enfrentou discriminação em uma festa), mas a OMS desencoraja fortemente estas atitudes por uma série motivos.

Em primeiro lugar, segundo o órgão, o vírus já se espalhou para mais de 60 países e, em boa parte deles, a contaminação já está ocorrendo entre cidadãos locais, demonstrando que não é algo exclusivo de pessoas asiáticas. No Brasil, por exemplo, os dois casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus se tratam de pessoas que visitaram a Itália – um dos países europeus que mais tem registrado casos da doença.

Em segundo lugar, o órgão explica em suas cartilhas que agir de forma segregatória pode até dificultar o diagnóstico de novos casos. De acordo com informações da OMS sobre o coronavírus, os estereótipos e estigmas podem fazer pessoas esconderem sintomas da doença com medo de julgamentos e, por consequência, deixarem de buscar auxílio médico, diminuindo a notificação de suspeitas.

“Estas barreiras têm potencial para contribuir com problemas mais graves de saúde, transmissões e dificuldades em controlar doenças infecciosas durante uma epidemia”, afirma um comunicado da OMS liberado recentemente. Para combater esse problema, eles orientam que as pessoas busquem informações confiáveis, especialmente sobre a transmissão da doença, sua prevenção e os sintomas causados por ela.

Além das cartilhas com informações gerais sobre a epidemia, que orientam contra esse tipo de preconceito, o próprio diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, já falou por diversas vezes sobre este problema e, em uma coletiva, abordou a gravidade da questão. “O estigma, para ser sincero, é mais perigoso do que o próprio vírus. Vamos realmente frisar isso: o estigma é o [nosso] inimigo mais perigoso”, afirmou.

Recomendação sobre máscara

Quanto às máscaras, outro ponto levantado diante das postagens de Mayra Cardi, a orientação da OMS se restringe a alguns casos. No site, o órgão afirma que quem não apresenta sintomas ligados ao sistema respiratório (como tosse) não precisa usar esta proteção, e que a recomendação serve apenas para pessoas que estejam próximas de indivíduos que apresentam sinais suspeitos (como febre e tosse).

Para a organização, a forma mais eficaz de prevenir a contaminação pelo novo coronavírus é lavar as mãos com frequência, usar o antebraço para proteger o rosto na hora de tossir ou espirrar e manter uma distância de ao menos um metro de pessoas que estejam tossindo ou espirrando.

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