Além da textura, sabor e cheiro, uma aparência apetitosa faz toda a diferença para tornar um alimento mais atraente. Por isso, algumas vezes a indústria adiciona corantes alimentícios no processo de fabricação. É preciso ficar atento! Alguns tipos podem trazer riscos à saúde.
Corantes alimentícios: o que são?
Os corantes alimentícios são aditivos usados em alguns alimentos com o objetivo de alterar sua aparência ou intensificar certas características deles e, embora os corantes artificiais sejam algo relativamente recente, corantes naturais já são utilizados para esse fim há muito mais tempo.
“Alguns alimentos, como o coloral (Urucum), beterraba e a cúrcuma, são corantes de fontes naturais e utilizados pelo homem há muitos milênios. Não possuem substâncias ruins e são comuns à mesa do consumidor”, explica o nutricionista Carlos Basualdo, nutricionista da Clínica Mais, ressaltando que a situação muda quando se fala nos corantes artificiais – cujo uso se intensificou conforme os alimentos passaram a ser cada vez mais processados.
“Alguns corantes são sintéticos, ou seja, não são encontrados na natureza. Eles são feitos em laboratórios sob um processamento químico, e algumas pessoas não toleram esse tipo de alimento”, afirma Basualdo, se referindo a possíveis reações alérgicas após o consumo de alimentos com corantes artificiais, encontrados em cereais, refrigerantes, doces, caldas, gelatinas, entre outros. A indústria muitas vezes prefere essa alternativa artificial em detrimento ao natural por ter custo mais baixo.
Quais são os corantes artificiais mais comuns
A lista de corantes – tanto sintéticos quanto naturais – cujo uso é permitido e regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é extensa, mas, de acordo com o nutricionista, alguns tipos são muito fáceis de se encontrar na composição de certos alimentos. Seu uso, segundo Basualdo, depende da cor que precisa ser realçada ou criada no alimento.
“A tartrazina, por exemplo, é muito usada em sucos em pó, gelatinas e outros produtos para dar um tom amarelo. Já o amarelo crepúsculo é usado em alimentos cor-de-laranja; e o azorrubina e o amaranto conferem um tom mais avermelhado. Além desses, o azul brilhante e indigotina, também são muito usados para coloração azul”, afirma o nutricionista.
Fazem mal à saúde?
A Anvisa é responsável pela fiscalização do uso de corantes, garantindo que eles não apareçam em quantidades impróprias para consumo e só sejam adicionados a produtos cuja forma de uso não faz a substância gerar problemas (alguns deles, por exemplo, podem ser consumidos em alimentos, mas não podem ser usados em cosméticos para a área dos olhos).
Mesmo assim, há riscos e, conforme explica Basualdo, um deles está ligado a produtos não regulamentados. “A Anvisa tem um crivo bastante forte com relação a essa resolução, mas, com algumas marcas menos comprometidas no mercado, a gente não pode garantir que isso está sendo seguido”, diz ele, atentando também para a alergia a corantes.
De acordo com Basualdo, algumas pessoas têm sensibilidade a certos corantes, algo que se manifesta especialmente por alterações no sistema gastrointestinal. “Geralmente, o problema começa no intestino com uma diarreia após comer algum produto ou uma alteração na consistência das fezes”, afirma, ressaltando que sintomas típicos de alergia também podem aparecer.
“Pode ocorrer algum efeito na via sistêmica, com sintomas parecidos com os de uma alergia: coceira, problemas na pele, aumento de muco e até mesmo dor de cabeça”, lista o nutricionista. A constatação de uma reação alérgica a corantes, porém, só pode ser feita a partir de exames específicos, normalmente realizados por alergistas.

Uso da Tartrazina é polêmico
Apesar de estar entre os corantes sintéticos liberados pela Anvisa, a tartrazina – substância de coloração amarelada usada amplamente em produtos como refrigerantes, sucos artificiais, balas de goma, bebidas energéticas e até medicamentos, como a dipirona em gotas – ainda gera certa polêmica devido a estudos que a relacionam com fortes reações alérgicas.
As pesquisas sobre a tartrazina começaram nos Estados Unidos e na Europa na década de 1970, quando foi estabelecida uma relação entre a substância e reações como asma, rinite, náusea, urticária, eczema e dor de cabeça – e, ainda que a incidência seja baixa, órgãos de saúde norte-americanos estipularam algumas normas específicas para produtos que trazem este corante.
Na década de 1980, foi estabelecido pelo órgão estadunidense de regulação sobre alimentos e medicamentos, a Food and Drug Administration (FDA), que todos os produtos – tanto remédios quanto comidas – com tartrazina na composição deveriam trazer o nome da substância no rótulo em vez de seu código para que pessoas alérgicas a identificassem mais facilmente. Em 2001, as diretrizes se tornaram ainda mais rígidas.
Ainda que a mesma discussão já tenha sido colocada em pauta no Brasil, a regulamentação aqui é diferente. Em 2002, a Anvisa determinou que um alerta sobre a presença da tartrazina e a possível reação alérgica fosse colocado em rótulos como ocorre nos Estados Unidos, mas apenas em remédios.
No entanto, quando se trata de alimentos, os fabricantes só precisam incluir o nome do corante entre os ingredientes. A agência de vigilância ainda não requer nenhum alerta específico para tartrazina (como os que avisam sobre a presença de glúten, por exemplo).
Isso pode mudar! Em junho deste ano, a Procuradora-Geral da República (PGR) fixou o prazo de um ano para que a Anvisa comece a fiscalizar as embalagens dos produtos que contenham Tartrazina.
Conforme minuta, os rótulos dos produtos que contiverem o corante deverão trazer a advertência: “Este produto contém o corante amarelo TARTRAZINA, que pode causar reações de natureza alérgica, entre as quais asma brônquica, especialmente em pessoas alérgicas ao Ácido Acetil Salicílico”.

Corantes seguros para saúde: tipo mais indicado
Como a Anvisa permite uma gama ampla de corantes nos alimentos, o nutricionista afirma que consumir produtos que contêm corantes não é algo necessariamente prejudicial, mas que não exagerar no consumo de alimentos ultraprocessados é importante.
“Quanto menos corantes artificiais, melhor para a saúde”, diz ele, que indica atenção às possíveis reações do corpo após o consumo. A opção mais segura e benéfica para a saúde de adultos e crianças são os corantes naturais.
Produzidos a partir da beterraba, do açafrão, da cúrcuma, da cenoura e até de flores, eles já são incorporados nos produtos de muitas marcas alimentícias, como em gelatinas, geleias, doces, entre outros.








