
Morreu o médico chinês Li Wenliang, responsável por identificar e alertar outros médicos sobre a doença misteriosa que se espalhava pela cidade de Wuhan (China) em dezembro de 2019 e que, agora, sabemos se tratar do novo coronavírus. Ele contraiu o vírus de um paciente.
Morre Li Wenliang, médico que alertou sobre o coronavírus
Alguns veículos de imprensa e também a Organização Mundial da Saúde (OMS) chegaram a noticias a morte de Li mais cedo, mas foram desmentidos pelo hospital onde o oftalmologista estava internado, Hospital Central de Wuhan, que afirmou, através de um post em seu perfil na rede social chinesa Weibo, que ele se encontrava internado em estado grave.

Após o embate de informações, no entanto, o hospital voltou a se pronunciar na rede social, afirmando que, infelizmente, o médico faleceu por consequências do coronavírus.
“O oftalmologista Li Wenliang do nosso hospital, que infelizmente foi infectado durante a luta contra a epidemia de pneumonia da nova infecção por coronavírus, não aguentou após todos os esforços e morreu às 2h58 de 7 de fevereiro [horário local na China] de 2020. Lamentamos profundamente”, diz o hospital na nota.
Li Wenliang foi reprimido ao alertar sobre a doença
Em 30 de dezembro de 2019, Li usou um aplicativo de mensagens, o WeChat, para comunicar seus colegas médicos sobre diagnósticos preocupantes feitos no Hospital Central de Wuhan, onde ele trabalhava. Segundo informações da “CNN”, que entrevistou o médico, o alerta afirmava que sete pessoas haviam sido admitidas na instituição com uma condição respiratória grave, e que isso o deixara preocupado.
Os pacientes em questão manifestavam sintomas parecidos com os da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), doença que, segundo a “Food and Drug Administration (FDA, a vigilância sanitária norte-americana) também foi identificada na China no fim de 2002 e se espalhou pelo mundo, resultando em mais de 8 mil casos e cerca de 800 mortes.
This Wuhan doctor was targeted by police for trying to blow the whistle on the deadly coronavirus in the early weeks of the outbreak.
Then, after unwittingly treating a patient who had the virus, he caught it too. https://t.co/rqHIRBMtAO
— CNN (@CNN) February 4, 2020
Apesar de a SARS ser uma doença considerada pela FDA como erradicada desde 2004, os colegas de Li se preocuparam com o alerta do médico e passaram a mensagem adiante, fazendo com que a situação começasse a ser noticiada e preocupasse a população de Wuhan, na China. Apesar de a preocupação do oftalmologista não ser injustificada, porém, as autoridades locais o penalizaram pelo “alarde”.
Nas mensagens, Li afirmava que amostras dos pacientes em questão haviam dado positivo para SARS – algo explicado pelo fato de que, apesar de o 2019-nCoV não ser o mesmo vírus causador da epidemia nos anos 2000, eles pertencem à mesma família, a do coronavírus. A polícia, no entanto, viu o primeiro alerta como a propagação de um rumor, e o médico teve de fazer um comunicado admitindo “mau comportamento”.
A penalização de Li aconteceu dias após as autoridades locais alertarem a OMS sobre o surto de coronavírus – e, segundo informações atualizadas da organização, a doença fez, desde então, fez mais de 28 mil casos na China (onde também já matou mais de 560 pessoas) e se espalhou por 24 países, contabilizando mais de 220 casos fora do país asiático.
