Carne vermelha: mocinha ou vilã?

Há quem diga que a carne vermelha faz mal e, por isso, acaba eliminando-a de vez do cardápio. Elas realmente são fontes de gordura saturada, e o consumo em excesso, aliado a fatores como sedentarismo, por exemplo, pode contribuir para o aumento do colesterol e consequentemente maior incidência de problemas cardíacos. Mas isso não significa que sejam totalmente maléficas. A  nutricionista Cintya Bassi, do Hospital e Maternidade São Cristóvão, explica que são muitos os benefícios da carne vermelha. Por isso, não devem ficar fora da dieta.

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De acordo com as recomendações brasileiras, o consumo diário de carne pode variar entre 100 e 120 gramas. “Isso é o suficiente para suprir as necessidades nutricionais da maior parte dos indivíduos, variando entre carnes brancas e vermelha”, afirma.

Mas a recomendação contrasta com o gosto do brasileiro, que em geral consome grandes quantidades de carne diariamente. Além de consumir com moderação, é importante optar por carnes magras e preparações saudáveis, evitando frituras e preferindo carnes assadas, grelhadas ou cozidas.

É importante ressaltar ainda que a carne deve ser comprada em local de boa procedência e não deve ser  consumida crua ou mal passada para evitar o risco de doenças.

Mitos e verdades sobre a carne vermelha

Carne vermelha não tem benefício para a saúde. Mito.

“As carnes vermelhas são fontes importantes de proteínas essenciais, necessárias para construção muscular e fortalecimento do sistema imunológico; ferro, mineral que compõe a hemoglobina e é fundamental para o transporte de oxigênio aos tecidos; zinco, importante também para o sistema imunológico;  e vitaminas do complexo B, especialmente B12, que participa da formação de células vermelhas e manutenção do sistema nervoso central”. 

Carne bovina é melhor que a suína. Depende.

“Depende do corte e preparação escolhida. Na década de 50 o porco era criado com alto teor de gordura na alimentação, já que a banha era extremamente valorizada. Porém, hoje essa valorização se voltou para a carne, modificando o tratamento alimentar do animal e reduzindo seu percentual de gordura final. Por isso, cortes como pernil, lombo e paleta têm quantidades semelhantes de calorias e gorduras quando comparadas ao filé mignon, por exemplo.

Carnes brancas são mais saudáveis que as vermelhas. Verdade.

“Associações como a American Heart Association recomendam o consumo de carne de peixe pelo menos duas vezes por semana como forma de reduzir o risco de doenças cardiovasculares, porque são fontes importantes de ômega 3. Porém, mais uma vez recomenda-se cuidado no preparo e na escolha, para não adicionar muita gordura ao prato ou para não elevar os níveis de mercúrio no organismo, já que algumas espécies são mais susceptíveis a contaminação pelo metal. Assim como o peixe, o frango e o peru em geral, possuem quantidades menores de calorias do que as carnes vermelhas, quando consumidos sem a pele podendo auxiliar numa dieta para emagrecimento“.

Frango e peixe podem suprir os nutrientes das carnes vermelhas. Mito.

“A carne vermelha é o alimento com maior teor de ferro, sendo importante no combate à anemia. Embora as carnes brancas possuam quantidades semelhantes de proteína, esse nutriente nelas não é tão facilmente aproveitado pelo organismo quanto na carne vermelha. Recomenda-se variar a escolha da carne, entre cortes magros de carne bovina ou suína, aves sem pele e peixes, para que seja possível aproveitar os nutrientes e benefícios de cada um deles”.

Eliminar de vez a carne da alimentação não é bom para a saúde. Verdade.

“Não é necessário eliminar a carne da dieta para que ela seja considerada saudável. Pelo contrário, a carne fornece nutrientes importantes à saúde e sendo assim, o mais indicado é aliar boas escolhas ao consumo em quantidade adequada. Entretanto, caso a opção seja não consumir nenhum tipo de carne, deve-se optar por uma alimentação ampla para que suas necessidades nutricionais sejam supridas, incluindo ovos, leites e derivados, soja, castanhas, nozes, entre outros alimentos. A orientação de um especialista é importante para que a escolha e as quantidades sejam adequadas individualmente”.

As grávidas precisam consumir carne vermelha. Verdade.

“O consumo é recomendado, já que a gestação é um fator de risco para desenvolvimento de anemia e o consumo de carne vermelha está relacionado ao fornecimento de ferro, importante no combate a doença. Além disso, também é fonte importante de vitamina B12, essencial na formação do bebê e que deve ser suplementada caso a gestante opte por não consumir carne vermelha”.

Quem está de dieta pode não consumir carnes vermelhas. Mito.

“Só é importante optar por cortes magros, como filé mignon, lagarto, coxão duro ou coxão mole, entre outros; retirar a gordura aparente caso haja, escolher uma forma de preparo adequada e optar por temperos naturais e molhos com menor teor de gordura como vinagrete ou suco de laranja”.

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