Câncer ginecológico com alto índice de mortalidade, o câncer de ovário é o 3º mais comum em mulheres e, segundo levantamento do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), 70% delas chegam aos hospitais com a doença avançada.
No Brasil, são cerca de 6.200 mil novos casos ao ano, de acordo com os dados do Inca (instituo Nacional do Câncer). Segundo a ginecologista Angélica Nogueira, presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos, entre 70% e 80% das pacientes não ultrapassam os cinco anos de vida após a descoberta da doença, já que a taxa de cura está diretamente ligada ao diagnóstico precoce.
O que é o câncer de ovário?

Tumor maligno alojado nos ovários, o câncer pode ser divido em diferentes tipos, tendo como mais comum o germinativo e o epitelial. “O câncer de ovário germinativo é mais comuns nas jovens, enquanto o epitelial acomete mulheres com mais de 40 anos”, diz Angélica Nogueira.
Ainda segundo a especialista, os dois tipos de canceres são os mais comuns e o primeiro, que acomete a população de mulheres jovens, é menos severo.
Sintomas
Um dos grandes inimigos da doença são os sintomas. Silenciosos e inespecíficos, as constantes idas ao banheiro para urinar, as alterações dos hábitos intestinas, o inchaço anormal do abdômen, a dor na região pélvica e a sensação de saciedade e enjoo não remetem diretamente ao sistema reprodutor e são facilmente confundidas com transtornos gastrointestinais.
“Quando uma paciente começa a sentir os sintomas do câncer de ovário, ela geralmente não procura um ginecologista porque acha que o problema é gastrointestinal. Assim, ela acaba passando muito tempo tratando o problema errado”, explica a especialista. “Sem técnicas de rastreamento da doença, a mulher quando procura um ginecologista já está com a doença em estágio avançado”, finaliza.
Como saber se é câncer de ovário?
“Depois da consulta com um ginecologista, se houver suspeita, é pedido um exame de imagem do abdômen total – ultrassom, tomografia ou ressonância magnética – e um exame de sangue específico – CA1245″, explica a médica.
Tratamentos para o câncer de ovário

Após a confirmação da suspeita através dos exames, é preciso marcar uma biopsia. O procedimento é feito através de uma laparoscopia – microcirurgia realizada através de um pequeno corte que, com auxilio de um aparelho, permite que o médico tire o ovário ou um pedacinho dele para análise. “O ideal é que a cirurgia seja feita com um ginecologista oncológico para que, caso se confirme o câncer, já seja possível realizar a cirurgia no momento da biopsia”, orienta Angélica.
A cirurgia para o câncer de ovário é avaliada de acordo com cada caso, entretanto, “muitas vezes fazemos uma cirurgia total para retirar os dois ovários, o útero, as trompas e outras estruturas do abdômen”, diz a ginecologista.
Quimioterapia
O tardio diagnóstico do câncer de ovário faz com que o número de tratamentos com quimioterapia seja inferior se comparado às cirurgias. “A opção da cirurgia ou da quimioterapia depende do estágio em que a doença foi descoberta. Quanto mais precoce o diagnóstico, menos complexo e mais curto é o tratamento”, explica a especialista.
Metástase

Em decorrência do tempo que leva para ser descoberto, o câncer de ovário muitas vezes é encontrado em estágio avançado. “os locais mais comuns de disseminação é na membrana serosa, no peritônio e na pleura”, diz a médica.
Causas do câncer de ovário
De todos os casos, 15% tem herança genética, afirma a especialista. Ainda segundo Angélica, as mais recentes publicações das organizações mundiais de saúde recomendam que toda paciente com câncer ovário seja encaminhada a um rastreamento genético para certificar se a causa da doença tem origem na mutação dos genes.
Tem como prevenir o câncer de ovário?
Sem testes de rastreamento especifico, a única forma de prevenir a doença é o conhecimento. “É preciso saber que se eu tenho histórico familiar de câncer ou estou com sintomas inespecíficos a mais de uma semana preciso de uma opinião médica”, diz a especialista, que ainda recomenda que mulheres com histórico familiar de câncer em parentes próximos como irmã, mãe ou tias realizem exames ginecológicos e de sangue a cada seis meses, além de fazer acompanhamento com um oncologista.
Câncer de ovário e a infertilidade
Embora este tipo de câncer geralmente acometa mulheres fora da fase reprodutiva, ele ainda pode afetar jovens que desejam engravidar. Nestes casos, é preciso individualizar a paciente e estudar os tipos de tratamentos junto a um especialista em fertilização. “Tem como fazer uma cirurgia conservadora e só retirar um ovário doente, ou, dependendo do estágio, tratar apenas com quimioterapia, mas cada caso é um caso”, explica Angélica.
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