Autoridades em saúde confirmaram seis casos de botulismo na Bahia, incluindo duas mortes pela doença
Doença rara causada por uma toxina potente, o botulismo tem preocupado a população da Bahia. Isso porque, recentemente, a Secretaria de Saúde do Estado confirmou 6 casos recentes da doença, incluindo dois óbitos por complicações do quadro. Entenda abaixo a questão do botulismo na Bahia, como funciona a doença e saiba como preveni-la.
Botulismo na Bahia: Estado enfrenta surto
Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, casos de botulismo na Bahia têm sido identificados desde agosto. Como a doença é raríssima, poucos casos já configuram um surto – especialmente quando, no caso da Bahia, havia registro de apenas uma morte causada pela doença em 2007 e, agora, há mais duas somente no último mês.
As informações são de que houve a notificação de seis casos de botulismo na Bahia neste ano, mais especialmente de agosto até agora. Entre esses casos, três pessoas seguem hospitalizadas, uma já teve alta e dois vieram a óbito em decorrência da grave condição de saúde.
A maior parte dos casos ocorreu no município de Campo Formoso. Além deles, houve também um em Senhor do Bonfim, e outro em Cícero Dantas (notificado em Ribeira do Pombal). Dada a raridade e a gravidade da situação, as autoridades de saúde investigam as possíveis causas.
De acordo com informações da Agência Brasil, o órgão também teria informado que o consumo de mortadela de frango estaria associado aos casos de botulismo na Bahia. A marca e a procedência do alimento, no entanto, não foram informadas.
As autoridades de saúde do Estado orientam a não consumir produtos de procedência incerta ou duvidosa. Além disso, há também a orientação de não consumir alimentos industrializados fora da validade, que apresentem alguma característica incomum ou cujas embalagens estejam amassadas, estufadas ou embaçadas.
Por fim, orienta-se que quem apresentar sintomas de botulismo, como visão turva, paralisia ou pálpebras caídas, busque os serviços de saúde. Isso é especialmente válido para quem consumiu recentemente alimentos como enlatados (atum, bebidas em lata, etc), embutidos (frios como presunto, salame ou até salsichas) e conservas (como picles e palmito).
Botulismo: o que é
A causa do botulismo é uma toxina produzida pela bactéria Clostridium Botulinum (C botulinum). Esse micro-organismo é anaeróbico, ou seja, consegue se multiplicar sem a presença de oxigênio. Ela está presente na natureza e é muito resistente, podendo se manter até mesmo em potes e latas de alimentos.
Segundo a cartilha do Ministério da Saúde sobre o assunto, os alimentos mais correlacionados com casos de botulismo são os enlatados. Isso engloba conservas de peixes, vegetais, patês e mais. Embutidos como linguiças e salsichas também podem causar botulismo quando infectados.
O risco da presença da bactéria em alimentos aumenta com o preparo caseiro. Isso porque, fora de um ambiente controlado, as chances de haver contaminação por higiene inadequada são maiores. É por isso, inclusive, que se indica ferver alimentos como palmito e salsichas por ao menos dez minutos, processo que elimina possíveis bactérias.
Uma vez que a toxina entra no corpo, há uma reação neuropática que envolve paralisia, visão turva e outros sintomas. A doença pode levar à morte por paralisia do sistema respiratório e, por isso, é considerada uma emergência médica.
Como se pega botulismo?
É possível desenvolver botulismo consumindo alimentos com a presença da bactéria e sua toxina. Além disso, porém, também é possível pegar botulismo através de ferimentos, apesar de casos assim serem muito mais raros.
Na maior parte dos casos, a doença começa a partir da ingestão de alimentos contaminados pelas bactérias e suas toxinas. Em outros, há a ingestão de esporos presentes em alimentos contaminados, que fazem as bactérias se instalarem no intestino. Com isso, a toxina é produzida dentro do próprio corpo, adoecendo o organismo tempos depois da ingestão.
Não há transmissão do botulismo de pessoa para pessoa. Sendo assim, ela não é uma doença contagiosa.
Que alimento pode causar botulismo?
Há uma gama grande de alimentos que podem conter a bactéria e suas toxinas. Entre eles, é possível citar:
- Palmito;
- Picles;
- Frios;
- Carne enlatada;
- Patês;
- Peixe enlatado;
- Vegetais em conserva.
Os maiores “vilões”, no entanto, são alimentos de origem artesanal.
Por que o mel causa botulismo?
Segundo a cartilha do Ministério da Saúde sobre a doença, o mel – que geralmente é de produção artesanal – pode conter esporos da bactéria causadora do botulismo. Eles podem ser carregados pelas próprias abelhas e, como o mel artesanal não passa por um processo capaz de livrar o alimento disso, ele pode levar à intoxicação em alguns casos.
Em quanto tempo o botulismo mata?
A morte por botulismo pode acontecer entre três e cinco dias desde o início dos sintomas da doença. A intoxicação tende a ocorrer cerca de horas após o consumo do alimento contaminado
Tipos de botulismo
Há quatro formas diferentes de apresentação dessa doença. São elas:
Botulismo alimentar
Ingestão de alimentos contaminados pelas bactérias e suas toxinas.
Botulismo intestinal
Ingestão de esporos em alimentos contaminados causando a proliferação das bactérias e produção da toxina dentro do próprio corpo.
Botulismo por ferimentos
Infecção pela bactéria causadora do botulismo através de ferimentos como necroses, fissuras e lesões causadas pelo uso de drogas injetáveis. É uma forma muito rara da doença.
Botulismo infantil
Forma mais comum da doença em crianças entre 3 e 26 semanas, o botulismo infantil é causado pelo consumo de mel de abelha contaminado. Por isso, o consumo de mel não é indicado para crianças menores de um ano, e é essencial se atentar à procedência desse alimento.
Botulismo: sintomas
As principais manifestações da doença são:
- Paralisia simétrica (dos dois lados do corpo);
- Pálpebras caídas;
- Alterações intestinais (diarreia ou constipação);
- Vômito;
- Visão turva.
Ao notar um ou mais destes sintomas, é imprescindível buscar rapidamente os serviços de saúde. A intoxicação por botulismo é considerada um quadro emergencial.
Botulismo: tratamento e prevenção
Para tratar o botulismo, se usa o chamado soro antibotulínico (SAB) para eliminar a toxina e que a produz. Além disso, também são usados antibióticos contra a bactéria e medicamentos ou terapias de suporte para amenizar os sintomas durante a recuperação.
A prevenção do botulismo se dá em:
- Evitar o consumo de produtos artesanais ou de procedência incerta;
- Verificar a data de validade dos produtos consumidos;
- Evitar produtos como frios que não tenham especificações de fabricação e validade na embalagem;
- Não consumir produtos cujas latas estejam estufadas;
- Não consumir produtos cujo vidro esteja embaçado;
- Não oferecer mel a crianças com menos de um ano de idade.