Ana Maria descobriu câncer de mama no autoexame, mas método não é mais indicado: entenda

Recentemente no “Mais Você” (Rede Globo), Ana Maria Braga surpreendeu ao revelar que, entre os vários cânceres que teve, ela já foi diagnosticada com um tumor na mama. Em seu relato, a apresentadora contou que descobriu o câncer sozinha através do autoexame visando frisar a importância dele para o diagnóstico – mas, ao falar sobre câncer de mama, é essencial lembrar que classificar o autoexame como “carro-chefe”, algo muito indicado especialmente por artistas, não é recomendado.

Ana Maria revela que descobriu câncer de mama com autoexame no passado

Na companhia dos médicos oncologistas Antonio Carlos Buzaid e Fernando Maluf, Ana Maria Braga revelou ao vivo no “Mais Você” recentemente que já teve câncer de mama. Ao longo da vida, a apresentadora travou batalhas muito conhecidas pelo público contra o câncer, mas sua fala sobre o diagnóstico do tumor de mama foi novidade – algo que ela trouxe à tona para enfatizar a importância do autoexame na detecção da doença.

“Eu tive vários tipos de câncer, e tive câncer de mama também. E por que é que não teve, assim, uma repercussão? Porque eu descobri através do exame. Faço controles, mas descobri tomando banho, senti. Quando toquei, senti o nódulo durinho que não estava ali um tempo atrás”, afirmou a apresentadora, exaltando o autoexame, em que a mulher apalpa os seios em busca de nódulos, como algo essencial no processo de diagnóstico do câncer de mama.

Ana Maria Braga afirmou que notou um nódulo no seio durante o banho
Reprodução/Mais Você/Rede Globo

Por que o autoexame não é mais recomendado?

Muito divulgado especialmente durante campanhas de Outubro Rosa, o autoexame é, sim, a forma como algumas mulheres descobrem ter um tumor no seio, mas já há anos não é mais tão recomendado pelo Instituto Nacional do Câncer (o Inca) ou pelo Ministério da Saúde – e há uma série de boas razões para isso, conforme explicou a Tá Saudável o mastologista Rogério Fenile, especialista em reconstrução mamária.

Segundo o médico, a autoavaliação da mama feita em casa é responsável por detectar menos de 10% dos tumores de mama, algo causado por diversos fatores. Em primeiro lugar, ele afirma que é bastante comum apalpar o tecido mamário e confundir estruturas da própria mama com nódulos, especialmente em determinados momentos do ciclo menstrual, quando o tecido fica diferente.

Em segundo lugar, o mastologista pontua que somente tumores maiores ou muito superficiais são sensíveis ao toque. Isso, por sua vez, significa que, se o câncer não estiver em uma área próxima da pele ou estiver em um estágio inicial (ou seja, pequeno), dificilmente será identificado em um autoexame. Esta característica da autoavaliação torna mais frequente que mulheres façam a detecção apenas quando a doença já está em estágios avançados, com menos chances de cura.

Autoexame pode ser útil, mas detecta apenas 10% dos tumores
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Além disso, ele afirma também que outros sinais visíveis do câncer de mama, como retração do mamilo, vermelhidão da pele ou até a formação de lesões, também tendem a ocorrer apenas quando o câncer já está bastante avançado – e tudo isso faz com que não seja eficaz ou sequer seguro depender apenas do autoexame para diagnosticar o câncer de mama.

Durante o “Mais Você”, após o relato de Ana Maria, o oncologista Antonio Carlos Buzaid, fundador do Instituto Vencer o Câncer e diretor-geral do Centro de Oncologia do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo (além de médico da apresentadora), falou sobre a questão, explicando o que deve realmente ser feito para prevenir a doença.

De acordo com Buzaid, a apresentadora pôde identificar o próprio câncer porque o tumor era superficial, e, em geral, o indicado é realizar exames de imagem para assegurar uma descoberta precoce da doença.

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“O autoexame ajuda, mas a mamografia é superior. E, na mulher jovem, onde a mama é muito densa, na mamografia fica quase toda branca, não se vê nada, o ultrassom complementa, e muito! Na mulher mais velha, a mama tem muita gordura, aí o tumor fica mais fácil de ver. O autoexame ajuda, mas a mamografia é mais sensível na detecção do tumor pequenininho”, afirmou Buzaid.
Por fim, ele pontuou que a mamografia é indicada para mulheres com mais de 40 anos, e que aquelas entre os 40 e os 50 anos, o ultrassom mamário também deve ser feito. O autoexame pode ser feito com a frequência desejada pela mulher, mas a não-detecção de nódulos com as mãos não deve ser levada como a certeza de que não há um tumor.

Câncer de mama