Atriz assume mesmo problema que vários artistas têm revelado: sintoma foi assustador

por | out 3, 2018 | Saúde

A atriz Emma Stone, famosa por suas participações na série “Mental”, da Netflix, e em filmes como “La La Land” (2016) e “O Espetacular Homem Aranha” (2012), assumiu ter um quadro de saúde que muitos famosos, como Fátima Bernardes, Ana Paula do vôlei, Gisele Bündchen e Bianca Bin, têm revelado recentemente: ansiedade e crises de pânico.

E, segundo a atriz, a descoberta dos distúrbios foi feita a partir de uma experiência assustadora que a estrela de Hollywood passou na juventude.

Emma Stone: experiência ruim a ajudou a descobrir condição mental

Durante participação em um evento voltado à saúde mental de crianças, promovido pelo Child Mind Institute, dos Estados Unidos, Emma conversou com o presidente da fundação sobre seus esforços para lidar com ansiedade e ataques de pânico.

De acordo com relato feito por ela na entrevista, a primeira crise de pânico aconteceu ainda quando a atriz era criança e trouxe um sintoma muito típico desse quadro de saúde.

Emma narrou que um dia estava na casa de uma amiga e se convenceu de que a casa estava incendiando e que iria abaixo com o fogo. “Eu estava sentada no quarto dela e, obviamente, a casa não pegava fogo, mas não tinha nada que me tirasse a ideia de que iríamos morrer”, contou.

O medo de morrer que Emma sentiu na época é bem similar ao medo que a apresentadora Fátima Bernardes e a jogadora de vôlei Ana Paula tiveram de que algo ruim pudesse lhes acontecer durante viagens de avião. “Eu comecei a querer sair de voo de avião. Quando a porta fechava eu falava: ‘Não quero, me deixa sair’. Foi um alerta pra mim”, contou a ex-atleta.

Além do medo de morrer, Emma também passou a não querer ir para a escola, sair com os amigos para atividades recreativas e sentia uma necessidade extrema de saber o que estava previsto para sua rotina.

Os pais da atriz, então, notaram um padrão de comportamento da filha e, preocupados com ela, encaminharam-na para terapia.

Nas sessões, foi constatado que a jovem apresentada um quadro de ansiedade e pânico – ainda que o assunto não tenha sido explicitamente comentado com a atriz naquela época, já que saúde mental ainda era visto como tabu.

Ansiedade e pânico

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A história de Emma sobre os sintomas que ajudaram-na a descobrir a ansiedade e o pânico condizem com as manifestações que tais condições oferecem ao organismo.

O Transtorno de Ansiedade Generalizada é uma doença caracterizada por sentimentos exagerados de ansiedade e medo e suas crises costumam gerar uma sensação incontrolável de antecipação do futuro, como uma preocupação extrema com acontecimentos, tarefas e planos – similar ao que Emma tinha em mente.

“É como o alarme de um carro: ele é ótimo para protegê-lo, mas se o alarme dispara toda hora, passa a ser um transtorno“, comenta o psiquiatra Diego Tavares.

O problema pode ultrapassar os limites psicológicos e causar sintomas físicos como palpitação, falta de ar, nervosismo, sudorese e cansaço mental, além de paralisação.

Quanto à condição síndrome do pânico, ela pertence ao grupo de transtornos de ansiedade, ou seja, distúrbios que têm em comum a estimulação de reações de luta e fuga do organismo, fazendo com que o sistema nervoso fique hiperativado e em estado de alerta.

Por esse motivo, em casos de crise de pânico a pessoa demonstra, de forma bem repentina, uma forte sensação de medo, seguida da impressão de que algo muito ruim acontecerá – exatamente o que aconteceu com Emma.

Além do medo de morrer, os sintomas o pânico incluem: palpitação ou taquicardia, suor excessivo, tremores, falta de ar ou sensação de sufocamento/asfixia, dor ou incômodo no tórax, enjoo, desconforto no abdômen, tontura, instabilidade ou vertigem, desmaio, boca seca, calafrio ou ondas de calor, formigamento ou sensação de anestesia, sensação de irrealidade, despersonalização ou indiferença, em que a pessoa sente-se distanciada de si mesmo, medo de enlouquecer ou adoecer.

“Há casos em que há ataques um tanto quanto frequentes, como um por semana, durante meses. Outros com pequenos surtos ainda mais frequentes, como diários, por exemplo, com intervalo assintomático de semanas ou meses. E ainda os menos contínuos, que duram muito tempo, como dois por mês”, explica o psiquiatra Rafael Brandes Lourenço sobre a periodicidade das crises de pânico.

Tratamento

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O tratamento destinado para a ansiedade recorre ao uso de medicamentos psiquiátricos, que podem ser ansiolíticos ou antidepressivos, e terapia com um psicólogo, a fim de aprender a controlar o impulso ansioso.

Já o pânico, quanto antes o quadro for detectado, melhor para os cuidados do paciente. O primeiro passo para o feito é pedir a ajuda de um especialista e, em caso de confirmação da doença, tratamento com medicamento antidepressivos e para ansiedade será iniciado.

A psicoterapia também ajuda no processo de reversão do pânico, especialmente por tentar por fim ao medo do paciente em ter novas crises.

“O tipo de terapia com maior evidência de melhora para transtorno do pânico é o cognitivo-comportamental, que ajuda o paciente a modificar e controlar pensamentos automáticos e errôneos – como a ideia de que a crise pode levar à morte -, reconhecer que deixar de sair de casa por ansiedade causa prejuízos, aprender a relaxar e lidar com os fatores que desencadeiam as crises”, ressalta Lourenço.

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