Foi na década de 1960 que as mulheres passaram a usar a pílula anticoncepcional rotineiramente. Cinquenta anos depois, nós ainda estamos estudando os impactos dos contraceptivos na saúde feminina. A mais recente dessas pesquisas mostra que a droga pode estar ligada à depressão.
Anticoncepcional e depressão: como se relacionam
O estudo dinamarquês, realizado pela Universidade de Copenhague, avaliou os dados de mais de 1 milhão de mulheres registrados em bancos de dados de saúde do país. Isso significa que os pesquisadores analisaram os prontuários de todas as mulheres do país com idade entre 15 e 34 anos, entre os anos de 2000 e 2013, exceto aquelas que tinham histórico de câncer, trombose, desordem psiquiátrica ou tratamento para infertilidade.
Risco de acordo com o tipo de anticoncepcional
Em comparação com as mulheres que não usavam anticoncepcionais, o estudo mostrou que aquelas que utilizavam os métodos tinham mais chances de receber o diagnóstico de depressão e precisar de antidepressivos nas seguintes proporções:
- 1,23% maior para as mulheres que usavam a pílula combinada (com estrogênio e progestagênio);
- 1,34% maior para as mulheres que usavam pílulas apenas com progestagênio;
- 2% maior para as mulheres que usavam adesivos cutâneos de norgestrel;
- 1,6% maior para as mulheres que usavam anel vaginal de etonogestrel;
- 1,4% maior para as mulheres que usavam Sistema Intrauterino de levonorgestrel.
De acordo com os responsáveis pelo estudo, a variação de risco de depressão entre os diferentes métodos contraceptivos avaliados está mais relacionada à dosagem hormonal em cada um deles que a via de administração, principalmente nos casos do anel vaginal e do adesivo. Os pesquisadores descobriram também que com o passar dos anos o risco tende a diminuir e que as adolescentes com idade entre 15 e 19 anos são as que estão em maior risco. Aquelas que usavam pílulas com estrogênio e progestagênio tinham risco de 1,8% valor que era de 2,2% para as que tomavam pílulas só com progestagênio.
Como a pílula causa depressão
Apesar de o estudo não ter avaliado os mecanismo através dos quais os anticoncepcionais se relacionam com a depressão, os pesquisadores hipotetizam que, como mostrado anteriormente por outros estudos, os hormônios sexuais progesterona e estrogênio têm influência sobre o córtex em regiões cerebrais relacionadas com o processamento cognitivo e de emoções.
Estudos prévios já teriam mostrado, inclusive, alterações de humor e na reatividade emocional cerebral em mulheres que tomavam pílula e tinham vivido experiências emocionais conturbadas anteriormente.
Além disso, eles citam a ação da progesterona, que seria capaz de, indiretamente, degradar a serotonina – hormônio relacionado ao bem-estar – causando depressão e irritabilidade.
Pílula anticoncepcional
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