Ao apresentar o programa “Saturday Night Live” recentemente, o empreendedor e filantropo Elon Musk surpreendeu o público com uma revelação. Assim como outros famosos, o CEO da Tesla Motors e segundo homem mais rico do mundo tem a chamada Síndrome de Asperger – transtorno de desenvolvimento que se enquadra no espectro autista e é conhecido popularmente como “criador de gênios”.
Elon Musk tem Síndrome de Asperger
Nos últimos dias, o empresário Elon Musk foi responsável por apresentar o “Saturday Night Live” e, logo no início, fez uma revelação sobre si mesmo. “Estou fazendo história agora como a primeira pessoa com Síndrome de Asperger apresentando o ‘SNL’. Ou ao menos a primeira a admitir”, disse polêmico empreendedor, que é dono de uma série de empresas e ocupa o segundo lugar na lista de homens mais ricos do mundo.
Na sequência, ele fez algumas brincadeiras sobre o próprio comportamento, constantemente questionado nas redes sociais. “Sei que às vezes posto ou digo coisas estranhas, mas é assim que meu cérebro funciona. Para qualquer um que eu tenha ofendido, só quero dizer: eu reinventei os carros elétricos e estou enviando pessoas a Marte em um foguete. Vocês acham que eu seria um cara calmo e normal?”, disse.
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Síndrome de Asperger: o que é?
Parte do espectro autista, a Síndrome de Asperger é, segundo o psiquiatra infantil Franscisco Assumpção, um transtorno de desenvolvimento neurocomportamental que tem como característica principal a dificuldade de interação social. De acordo com o especialista, isso faz com que a pessoa tenha dificuldades em entender, por exemplo, metáforas e emoções, além de apresentar o chamado hiperfoco.
“Imagine que um homem com Asperger se interessa por uma mulher. Ele dá um sorriso e o indivíduo não consegue identificar se ela está sorrindo para ele ou rindo dele. Vamos supor que eles se aproximem e comecem a conversar. Pouco depois, o homem passa a falar sobre dinossauros, que seria um tema em que ele possui fixação. A mulher diz que não gosta de dinossauros e ele insiste no mesmo assunto incessantemente, sem perceber que a moça não quer conversar sobre isso”, afirma ele.

Apesar de ser conhecido como “Síndrome do Gênio” e popularmente relacionado a crianças superdotadas, o transtorno não tem, segundo o psiquiatra, ligação direta com “habilidades anormais”. “Assim como os indivíduos comuns, são pouquíssimos os que têm capacidades acima da curva”, descreve o psiquiatra, explicando que a ideia de genialidade não está necessariamente relacionada à inteligência, mas sim a outras funções superdesenvolvidas na pessoa com Asperger, como a memória.
“As pessoas confundem boa memória com capacidade de processar informações e criar. É diferente. Quem nasceu com Asperger consegue decorar coisas facilmente, mas não as cria”, afirma. Além da ativista sueca Greta Thunberg, que já falou publicamente sobre o transtorno, é especulado por inúmeros especialistas que o empresário e magnata Bill Gates também tenha a síndrome (apesar de nunca ter falado sobre isso).

Sintomas
De acordo com o psiquiatra, em geral é possível perceber as características da Síndrome de Asperger na infância, em torno dos seis anos de idade. Entre os sintomas, os principais são:
- Dificuldade de interagir com outras pessoas;
- Dificuldade de identificar expressões faciais e entender linguagem corporal;
- Poucos e intensos interesses, beirando a obsessão;
- Ausência ou redução das expressões faciais associadas a contato visual;
- Ausência ou diminuição do interesse por opiniões e comentários alheios;
- Problemas para entender mensagens “nas entrelinhas” e metáforas.
Embora compartilhem problemas relacionados à interação social e interesses repetitivos, e ambos sejam transtornos do espectro autista, há diferenças entre Asperger e o autismo. A principal delas, segundo o especialista, está no fato de que o primeiro transtorno preserva mais a capacidade cognitiva.
Causas e tratamento

Segundo o psiquiatra Mario Louzã, transtornos do espectro autista ainda não têm suas causas completamente conhecidas, mas estudos especulam alguns fatores como possíveis influenciadores. Estão entre eles a predisposição genética e problemas que afetam o neurodesenvolvimento do bebê durante a gravidez, como sangramentos e diabetes.
Apesar de Asperger não ter cura, Assumpção afirma que é possível amenizar as características da síndrome. Segundo ele, é preciso que a criança tenha um amparo individualizado na escola e, por vezes, passe por um treino para melhorar as habilidades sociais e desenvolver o senso do que é ou não apropriado falar em determinados momentos.
“Dependendo da reação e características de cada pessoa, também é necessário passar por sessões de psicólogo, terapia ocupacional e fonoaudiologia”, explica Assumpção, lembrando que, caso a pessoa tenha alterações de conduta como agitação extrema e agressividade devido à Síndrome de Asperger, o médico responsável pelo paciente pode prescrever medicações.