Os chamados “atletas de fim de semana”, ou seja, pessoas que praticam exercícios sem regularidade, podem ter os mesmos benefícios para a saúde do que aquelas que, ao longo da semana, realizam os 150 minutos de atividades recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Pelo menos no quesito proteção contra mortalidade, segundo um estudo recém-publicado no periódico Jama Internal Medicine.
“Atletas de fim de semana” também têm proteção contra mortalidade
Um grupo de pesquisadores analisou dados de 350 mil pessoas nos Estados Unidos durante em média 10.4 anos, apontando que indivíduos ativos que relataram fazer 150 minutos semanais de atividade física moderada a vigorosa – sejam concentradas em um ou dois dias, sejam distribuídas pela semana – apresentaram taxas de mortalidade mais baixas do que os indivíduos inativos.

De acordo com os estudiosos, não foram observadas diferenças significativas entre os “atletas de fim de semana” e os participantes regularmente ativos, tanto para mortalidade por todas as causas, quanto somente por câncer ou por doenças cardiovasculares.
Mas antes de abandonar sua rotina diária de exercícios e se dedicar somente às atividades aos finais de semana, é preciso saber que os próprios autores reconhecem que a pesquisa possui limitações, como o fato de ter usado informações relatadas pelos próprios participantes, o que poderia comprometer a objetividade dos dados.
Além disso, o trabalho científico se concentrou apenas em avaliar a questão da mortalidade, sem verificar, por exemplo, se havia diferença entre os grupos comparados no desenvolvimento de doenças, na qualidade de vida de maneira geral, ou se quem faz somente em um ou dois dias tende a se lesionar mais.

“É claro que não é um único estudo que vai responder em definitivo à pergunta se a frequência do exercício interfere na taxa de mortalidade. Mas o trabalho traz dados onde ainda existe uma lacuna”, afirmou em entrevista ao Jornal da USP Mauricio dos Santos, principal autor da pesquisa e mestre em Neurociência e Comportamento pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
De qualquer forma, segundo o pesquisador, é possível tirar com segurança uma conclusão: com raríssimas exceções, fazer algum exercício é sempre melhor que nenhum.