Segundo a atriz, os batimentos cardíacos dela chegaram a 31 por minuto durante o quadro de estafa – e o normal é que eles fiquem entre 50 e 90
Em 2018, quando participou da série “Onde Nascem os Fortes”, a atriz Alice Wegmann teve um susto relacionado à saúde. Ela passou pelo que chamou de estafa relacionada ao trabalho – e, ao passar mal durante as gravações um dia, teve de ser socorrida e reanimada. Mas, afinal, como um quadro de esgotamento e estresse relacionado ao trabalho podem afetar o coração tão gravemente? Entenda abaixo:
Estafa no trabalho fez Alice Wegmann ter de ser reanimada

Em entrevista ao jornal “O Globo”, a atriz Alice Wegmann contou que, anos atrás, sofreu uma estafa severa. Na época, ela aceitou diversos trabalhos em sequência, teve de trancar a faculdade e precisou de uma preparação intensa para a série “Onde Nascem os Fortes”. Tudo isso a levou a um esgotamento mental e físico que, eventualmente, a fez ter um quadro de saúde assustador.
“O fato de eu ter me jogado com tanta intensidade foi o que deu aquele resultado todo, mas também ali eu entendi meu limite. Veio uma estafa, tive de ser reanimada. Meu coração bateu a 31, fui parar em uma UPA [Unidade de Pronto Atendimento] durante as filmagens”, declarou ela – e, para referência, o normal é que os batimentos cardíacos fiquem entre 50 e 90 por minuto.
Sem forças, com tremedeira e dificuldades para falar, ela foi atendida e medicada com atropina. Esse medicamento tem a função de aumentar a frequência cardíaca. Apenas uma dose não foi suficiente para que seus batimentos voltassem ao normal e, por isso, ela recebeu duas. Segundo o médico que a atendeu, a situação foi delicada. “Minha mãe foi me ver e, quando chegou, o médico falou: ‘Tive muito medo de perder sua filha’”, declarou.
Estafa afeta o coração? Como acontece?

Conforme explica o médico Felipe Bezerra, cardiologista intervencionista e membro da SBHCI (Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista), o esgotamento mental, também definido como estafa ou Burnout, tem repercussões agudas e até crônicas na saúde cardiovascular.
O especialista afirma que os danos podem ser causados de forma direta ou indireta. No primeiro caso, o estresse agudo pode causar uma elevação nos níveis de diversos hormônios e outras substâncias na corrente sanguínea, inclusive a adrenalina.
“Essa descarga de adrenalina pode ter caráter ‘tóxico’ para algumas pessoas, podendo causar diretamente uma disfunção no músculo cardíaco, uma doença chamada ‘Síndrome do Coração Partido’, e até precipitar o infarto do miocardio”, explica o médico a Tá Saudável, frisando que ainda pode haver arritmias e elevação da pressão arterial, condições que também causam mal-estar.

Sobre os danos secundários, o médico explica que o estado de esgotamento mental propicia hábitos inadequados que também podem afetar o coração.
“O Burnout pode levar a pessoa a mudanças comportamentais maléficas à saúde, como sedentarismo, abuso de álcool e outras substâncias, além da piora da qualidade da dieta e desidratação. A desidratação, por exemplo, é uma das principais causas das ‘quedas de pressão’, onde a pessoa pode apresentar crises vasovagais com queda da pressão arterial e redução da frequência cardíaca”, declarou.
Problema cardíaco por estresse pode ser fatal?
De acordo com o médico da SBHCI, qualquer pessoa pode ter um sintoma cardiovascular relacionado a estresse. Em pessoas mais jovens, costumam ocorrer alterações mais “leves”, como síndromes vasovagais e arritmias. Já em pessoas com mais de 40 anos, especialmente com antecedentes de hipertensão, diabetes e histórico familiar de doenças cardiovasculares, as chances aumentam – e o quadro pode inclusive levar a óbito.

“É raro, mas é possível morrer. Nos pacientes jovens, a chance de evento fatal relacionado a estresse agudo ou Burnout é pequena. Nos pacientes idosos e com doenças cardíacas prévias, por exemplo, um infarto precipitado por um evento estressante pode ser mais grave”, afirma o cardiologista.
Segundo ele, quem já teve um episódio como o de Alice Wegmann precisa manter os cuidados com o coração em dia. “Esses quadros de mal-estar relacionados ao estresse podem ser recorrentes. Existem tratamentos disponíveis para atenuar os sintomas. Só podemos garantir que o mal-estar é ‘benigno’ após avaliar detalhadamente o quadro. Mesmo após situações ‘benignas’, a visita anual ao clínico ou ao cardiologista deve ser realizada para atuarmos na prevenção destes e outros problemas de saúde”, conclui.