Para celebrar

Uma das bebidas mais saborosas e charmosas do mundo, o vinho espumante é convidado especial das grandes comemorações. Sofisticado, elegante, encantador e festivo, é símbolo de glamour, amor e confraternização. E nas as festas de fim de ano ele reina, soberano. Com matizes de branco, rosa, perfumes de frutas, flores e sabores sutis, delicados e ricos, os espumantes – sozinhos ou aliados a pratos salgados e, por que não, doces – constituem universo de infinita riqueza e são uma verdadeira festa… para os nossos sentidos!

Um monge e seu delicioso “invento”

Certa vez, na Abadia de Hautvillers, no coração da região francesa de Champagne, o monge beneditino Dom Pérignon, que cuidava das adegas, descobriu que poderia transformar a efervescência do vinho em quesito de qualidade. Passou a estudar, então, os vinhos que fermentavam pela segunda vez e aprimorou os procedimentos utilizados na produção do mais famoso dos espumantes, o Champagne, a começar pela coleta seletiva de uvas e pela idéia do assemblage, ou seja, mistura de vinhos de diferentes variedades e vinhedos – este, aliás, um dos maiores segredos dos espumantes. Seus métodos de produção são seguidos até hoje pela casa Moêt & Chandon, por exemplo, cujo principal vinho leva o nome do monge.

Nenhum outro vinho se adapta tão bem ao nosso clima quente e de festa. Os brasileiros não só aprenderam a degustar os espumantes, mas a fazê-los. O sucesso é tanto por aqui que, desde o começo de dezembro, os produtores já estão sem estoque

A bebida fez a fama ainda na Idade Média e não parou mais. Reza a lenda que Napoleão Bonaparte, mais tarde, se referiu ao Champagne como “merecido nas vitórias e necessário nas derrotas”. E, como se não bastasse ser gostoso, o espumante ainda faz bem à saúde. Rico em vitaminas, sais minerais e oligo-elementos, ele auxilia na digestão, é antidepressivo, diurético e eficaz contra reumatismos, além de prevenir o envelhecimento e males como a arteriosclerose. Assim, sem substituir as prescrições normais, em doses razoáveis, o espumante pode ser um excelente complemento terapêutico. É, também, poderoso estimulante sexual, porque age rapidamente sobre o hipotálamo, estimulando a liberação de hormônios responsáveis pelo desejo.

Queridinho do Brasil

Hoje, os espumantes são mesmo uma tendência mundial e, também, nacional. “O espumante se tornou uma bebida tradicional em comemorações porque, quando aberto, desprende gás carbônico, transmitindo idéia de alegria e dando a sensação de prazer e felicidade”, garante Carlos Abarzúa, enólogo e diretor da Vinícola Cave de Amadeu, no Rio Grande do Sul.

“Nenhum outro vinho se adapta tão bem ao nosso clima quente e de festa. Os brasileiros não só aprenderam a degustar os espumantes, mas a fazê-los. O sucesso é tanto por aqui que, desde o começo de dezembro, os produtores já estão sem estoque”, confirma Arthur de Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) de São Paulo.

De onde?

Mas, não confunda! Champagne é uma coisa e espumante é outra. Digamos que todo Champagne é um espumante, mas nem todo espumante é Champagne. É que o nome Champagne é uma appellation d’origine contrôlée (denominação de origem controlada). Ou seja, só pode ser dado ao espumante da região de Champagne, na França, que tem clima frio e um solo com características específicas para o cultivo das únicas três uvas permitidas na “receita” da bebida: Chardonnay (branca), que confere frescor e delicadeza, Pinot Noir (tinta), que dá corpo e estrutura, e Pinot Meunier (tinta), responsável pelos aromas de flores e de frutas – na região de Champagne, todas elas são colhidas menos maduras e mais ácidas.

Assim, os vinhos espumantes vão recebendo diferentes designações conforme a região ou país produtor. “Cada um tem a sua legislação para designar tanto o nome quanto as uvas que podem ser utilizadas e o método de produção”, explica Arthur de Azevedo, da ABS – SP. Os borbulhantes franceses produzidos fora de Champagne, por exemplo, são chamados de Crémant, que também é uma denominação de origem controlada.

Já a Espanha é a terra dos deliciosos Cava, produzidos pelo mesmo método de Champagne, o tradicional ou champenoise, que consiste na segunda fermentação dentro da própria garrafa. Na Itália, são chamados de Spumante. Mas, quando feitos com uva Moscatel, chamam-se Asti, um espumante mais doce, cujo processo de fabricação leva esse mesmo nome e consiste em obter a bebida através de uma única fermentação, tornando-a de baixo teor alcoólico e com alta quantidade de açúcar. No norte da Itália há, também, o seco Franciacorta e o frutado Prosecco, muito conhecido aqui entre nós. Na Alemanha, os espumantes são chamados de Sekt e podem ser feitos pelo mesmo método de Champagne ou pelo método Charmat, no qual a segunda fermentação do vinho ocorre não na garrafa, mas em uma autoclave.