Você já teve aquela sensação de que, por mais dieta e academia que você faça, nunca terá aquela silhueta da Carolina Ferraz? Pelo menos não enquanto o regime for saudável. Pois é, Dr. Nikhil Dhurandhar contou o caso de uma avó que escreveu ao cientista muito preocupada com seu netinho de 10 anos que pesava mais de 80 quilos. “Ela contou que o menino se exercitava na bicicleta até seus pés incharem e sangrarem, de tão insatisfeito que estava com seu corpo. Eu realmente não podia fazer nada ainda, até porque, se realmente estivesse infectado com o AD-36, eu não teria ainda uma cura para ele”, conta ele.
Dhurandhar explica que o adenovírus, como qualquer outro no planeta, ataca as vias respiratórias e, às vezes, causa diarréia quando se instala no organismo de uma pessoa. Ela tosse, espirra e age como se estivesse com um resfriado comum. Mas, por razões que o cientista ainda não consegue explicar, o AD-36 permanece no corpo, embora todos os sintomas desapareçam.
Ainda que exista uma população obesa infectada com o pestinha, pode um vírus realmente fazer uma pessoa engordar tanto? Para tentar decifrar a resposta, os cientistas já não aceitam mais as velhas explicações de que só genética e maus hábitos são causadores do excesso de peso. As pesquisas partem para estudar casos de irmãos gêmeos idênticos que possuem grande diferença no IMC.
O primeiro pesa quase 20 quilos a mais que o irmão, apesar de terem a mesma genética e os mesmos hábitos
Pelo menos é o que o biólogo Jeffrey Gordon, da Universidade de Washington, defende. Ele estuda a relação de microrganismos com a obesidade e suas pesquisas utilizam exemplos como o dos gêmeos idênticos Jim e John Thornton. O primeiro pesa quase 20 quilos a mais que o irmão, apesar de terem a mesma genética e os mesmos hábitos. Gordon explica que chegou a esses casos após analisar ratos em seu laboratório que apresentavam grandes variações de gordura em relação aos outros. “Isolamos um ratinho, limpo de microorganismos, dos demais. Percebemos que ele aumentou a quantidade de comida em 40% em relação aos outros ratos, mas, embora comesse toda hora a mesma comida, emagreceu rapidamente até ficar abaixo do peso dos demais. Não importava o quanto comesse”, revela.
O cientista reverteu a experiência e levou o ratinho isolado para a convivência dos outros, num ambiente plenamente contaminado por microrganismos. “O resultado foi que ele passou a engordar num tempo recorde e diminuiu a quantidade de comida que ingeria”, concluiu.
Gordon conta que cerca de 90% das células do nosso corpo são de micorganismos e o único momento em que eles não têm nenhum contato conosco é enquanto estamos no ventre materno. Eles são importantes para a maioria das funções de nossa biologia, como metabolizar o colesterol, digerir plantas, e, por fim, extrair gordura dos alimentos que ingerimos. Algumas classes de microflora são mais competentes do que as outras e azar de quem empregar no estômago e intestino esses trabalhadores. Era o que Gordon passou a observar nos gêmeos: que alguns abrigavam uma microrganismos bem diferentes dos outros.








