Nas últimas duas décadas, a incidência do câncer de mama tem aumentado de maneira preocupante em quase todo o mundo. Nos Estados Unidos, esse número chega a aproximadamente 1% ao ano. Nos países desenvolvidos, o câncer de mama é a neoplasia mais comum entre as mulheres e é responsável por 18% de todas as mortes por câncer em mulheres. Entretanto, a taxa de mortalidade desses locais está em declínio desde a década de 90, em grande parte devido aos avanços tecnológicos nos diagnósticos, assim como melhor abordagem terapêutica, quer cirúrgica, quimioterápica, hormonioterápica ou radioterápica. Em 2006, o número de casos novos da doença foi de 49 mil casos, com um risco estimado de 52 casos novos a cada 100 mil mulheres.
Nos dias atuais, o tratamento cirúrgico do câncer de mama vem se tornando cada vez mais conservador na abordagem do tumor primário e dos linfonodos axilares, portanto, é muito menos agressivo. Este tratamento conservador deve obedecer a critérios rígidos quanto à sua indicação, sem comprometer o controle locorregional e a sobrevida das pacientes.
O tratamento conservador do câncer de mama é um método apropriado de terapia primária dos tumores de mama de estágios I e II (isto é, de até três centímetros) e é preferível porque proporciona sobrevida equivalente à da mastectomia radical, ao mesmo tempo que preserva a mama
Conceitualmente, o fator mais importante na determinação do prognóstico das pacientes com câncer de mama é a presença de metástases nos linfonodos axilares. Além disso, também seleciona as pacientes para o tratamento adjuvante, previne a recorrência regional e, por fim, a potencialidade completa da erradicação do câncer de mama, melhorando a sobrevida.
Nas pacientes que desenvolveram a doença, a sobrevida é inversamente proporcional ao número de linfonodos metastáticos. Esta informação é essencial para conduzir o tratamento adjuvante em pacientes com carcinomas iniciais. O diagnóstico desses cânceres ainda incipientes vêm aumentando em decorrência do uso cada vez mais freqüente do rastreamento mamográfico. Neles, o benefício da quimioterapia é mínimo se os linfonodos axilares forem negativos em tumores menores de um centímetro. Neste grupo com tumores pequenos é baixo o comprometimento metastático dos linfonodos da região próxima à axila. Por conseqüência, substitui-se a dissecção do tecido linfático axilar (que durante um século foi o tratamento padrão do câncer de mama), por uma dissecção seletiva e de menor morbidade, melhorando de maneira espetacular a qualidade de vida.
O ideal é selecionar as pacientes com linfonodos metastáticos axilares e somente nelas extirpá-los, uma vez que naquelas sem metástases esta dissecção não ocasiona nenhum benefício. Portanto, a seletividade da dissecção de um ou dois linfonodos axilares é hoje amplamente utilizada e denominada de biópsia do linfonodo sentinela. Com este exame, é possível fazer a seleção destas pacientes.
O tratamento conservador do câncer de mama é um método apropriado de terapia primária dos tumores de mama de estágios I e II (isto é, de até três centímetros) e é preferível porque proporciona sobrevida equivalente à da mastectomia radical, ao mesmo tempo que preserva a mama.
São contra-indicações para o tratamento conservador:
– Tumores maiores de quatro centímetros;
– Sem condições de radioterapia;
– Resultados cosméticos insatisfatórios;
– Lesões multicêntricas;
– Impossibilidade de segmento adequado.
O tratamento radical está indicado somente nos casos em que haja contra-indicação ao tratamento conservador e nas pacientes portadoras de carcinoma em estágio clínico avançado, quando os linfonodos axilares estão comprometidos. Nestes casos, a cirurgia indicada será a mastectomia radical ou mastectomia radical modificada, com ou sem reconstrução imediata. No estádio clínico IIIb, em que os linfonodos são fixos ou o tumor é muito grande, podemos optar pela quimioterapia neo-adjuvante com a finalidade de reduzir o tamanho tumoral e, posteriormente, será submetida à cirurgia radical.
Já nas pacientes estádio clínico IV, portanto portadoras de metástases a distância, o principal objetivo do tratamento é possibilitar o alívio dos sintomas e proporcionar uma melhor qualidade de vida a essas pacientes. Como tratamento a essas pacientes, recorremos à quimioterapia, hormonioterapia e radioterapia.