Hoje, 29 de abril, é Dia Nacional de Combate ao Câncer de Mama e temos o que comemorar na data: entrou em vigor a lei que garante às mulheres acima de 40 anos o direito de realizar mamografias pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A notícia pode ajudar a mudar o quadro da doença no Brasil, que tira a vida precocemente de muitas mulheres.
Medo e dor. Essas são as primeiras palavras que vêm à cabeça quando se pensa em câncer, uma doença devastadora, que faz sofrer não apenas a pessoa doente, mas também amigos e familiares que, na maioria das vezes, pouco podem fazer para amenizar a agonia de seu ente querido. E entre as mulheres, o câncer de mama é o mais temido! E com razão. Os números são alarmantes. Dados do Programa de Oncobiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) indicam que 400 mil novos casos de câncer surgem a cada ano no Brasil, sendo que um terço deles com óbitos. A doença é a segunda que mais mata no país e sua incidência e mortalidade têm crescido em virtude do aumento da expectativa de vida e de fatores como poluição, hábitos alimentares inadequados, sedentarismo, tabagismo, entre muitos outros.
Conhecimento é o melhor remédio
Como tudo que é desconhecido causa ainda mais medo e receio, nada melhor que conhecer o câncer de mama a fundo para saber como lidar com ele e, principalmente, evitá-lo. Afinal, muitos casos são curáveis, principalmente se diagnosticados em seu estágio inicial. Primeiramente, é preciso saber como ele se forma. Na verdade, conforme instrui o Instituto Nacional do Câncer (Inca), câncer é o nome dado a um conjunto de mais de cem doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, a iniciação do câncer de mama é de origem genética. Isso não significa que seja uma doença exclusivamente passada através das gerações, aliás, apenas entre 5 e 10% dos casos são ocasionados por herança genética. A doença, na verdade, é desencadeada por uma lesão, que pode ser herdada ou adquirida, no DNA cromossômico, fazendo com que a multiplicação celular ocorra de maneira desordenada.
Se o acúmulo dessas células tumorais (neoplasias malignas) não conseguir infiltrar a camada que dá sustentação ao tecido dos ductos mamários, a chamada “membrana basal”, o tumor é considerado não-invasor. Do contrário, ele é invasor e, neste caso, passa a existir a chance de que pequenos vasos sangüíneos e capilares linfáticos sejam atingidos, levando as células anormais a outros órgãos, como pulmões e fígado, ou até mesmo aos ossos. O trânsito dessas células para estas regiões recebe o nome de metástase.
Veja abaixo algumas das principais características do câncer de mama:
Sintomas
O câncer de mama é perceptível por meio de nódulo ou tumor no seio, podendo ou não apresentar dor. Podem surgir alterações na pele que recobre a mama, como abaulamentos ou retrações ou um aspecto semelhante à casca de uma laranja e ainda surgirem nódulos palpáveis na axila.
Fatores de risco
Ainda não há dados concretos sobre as causas do câncer de mama, mas existem os fatores de risco que aumentam as chances de uma pessoa desenvolver a doença. Mulheres que tenham histórico da doença na família devem redobrar os cuidados, ainda mais se um ou mais parentes de primeiro grau (mãe ou irmã, principalmente) foram diagnosticadas com câncer de mama antes dos 50 anos de idade. O caráter familiar corresponde a aproximadamente 10% do total de casos de cânceres de mama.
A menarca precoce (primeira menstruação), a menopausa tardia (última menstruação após os 50 anos de idade), a ocorrência da primeira gravidez após os 30 anos e a nuliparidade (não ter tido filhos), também constituem fatores de risco para o câncer de mama.
A ingestão regular de álcool, mesmo em quantidade moderada, é outro fator de risco, assim como a exposição a radiações ionizantes (emitida por materiais radioativos, como os aparelhos de raio-X) em idade inferior a 35 anos.
Segundo o Dr. Eduardo Carneiro Lyra, mastologista e coordenador de ensino da área de Mastologia do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC) , “a poluição atmosférica também pode ser considerado um fator de risco, pois mantém partículas sobre grandes centros urbanos, filtrando a luz solar e diminuindo na população o nível de vitamina D sangüíneo, um antiproliferático que protege o organismo contra câncer de mama e próstata”.
Prevenção
Nunca é demais repetir que a melhor forma de se prevenir do câncer de mama é se submeter periodicamente a exames clínicos e à mamografia, além de realizar o auto-exame em casa mesmo, depois do banho, ou antes de dormir.
O exame clínico, feito por um médico ou enfermeira treinados, pode identificar um tumor de até 1 cm de diâmetro, em 57% a 83% de mulheres com idade entre 50 e 59 anos, e em torno de 71% nas que têm entre 40 e 49 anos.
O Inca não estimula o auto-exame como estratégia isolada na detecção do câncer de mama. Ele é importante, mas deve ser apenas complementar, realizado entre uma e outra consulta ao ginecologista, pois não substitui o exame clínico feito por profissionais de saúde. Mesmo assim, toda forma de prevenção nunca é demais, por isso, fique atenta aos passos que devem ser seguidos no auto-exame:
1. Em pé, em frente ao espelho. Observe o bico dos seios, a superfície e o contorno das mamas.
2. Em pé, em frente ao espelho, levante os braços. Observe se com o movimento aparecem alterações de contorno e superfície das mamas.
3. Deitada, a mão direita apalpa a mama esquerda. Faça movimentos circulares suaves apertando levemente com as pontas dos dedos.
4. Deitada, a mão esquerda apalpa a mama direita. Repita deste lado movimentos circulares apertando levemente com as pontas dos dedos.
Estima-se que desde a primeira divisão celular anômala até um nódulo palpável de 1 cm, que corresponde a um bilhão de células tumorais, exista um intervalo aproximado de dez anos. Nesse período, o melhor método com ação comprovadamente eficiente como “screening” é a mamografia de alta resolução. A orientação atual, que deve ser seguida em condições ideais de recursos para a assistência à saúde, é a mamografia anual a partir dos 40 anos de idade, tendo sido feito um exame basal prévio aos 35 anos.
A mamografia é capaz de mostrar lesões em fase inicial, permitindo que o tratamento seja ainda mais eficaz. Ela é feita através do mamógrafo, um aparelho de raio-X criado em 1966, que comprime a mama de forma a fornecer melhores imagens. O exame pode ser um pouco doloroso para algumas mulheres, mas é perfeitamente suportável e, sem dúvida, vale a pena. A mamografia reduz em 30% a mortalidade das mulheres acima dos 50 anos. Além disso, para evitar o desconforto, o mais recomendado é que se evite realizá-lo no período pré-menstrual, quando muitas mulheres apresentam maior sensibilidade na mama.
Na fase pré-clínica de neoplasia, de tumores detectados pela mamografia, as taxas de cura são de quase 100%, e essa deve ser a motivação maior para estimular as mulheres a fazerem uma mamografia de rotina.
Outras medidas mais simples, que podem e devem ser adotadas no dia-a-dia também são importantes, como evitar obesidade, sedentarismo, alimentos gordurosos e ingestão alcoólica em excesso.








