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por | jun 30, 2016 | Alimentação

Os tumores malignos detectados em fase inicial devem ser retirados por meio de cirurgia. Após a extração cirúrgica, o oncologista avalia a necessidade e o tipo de terapia complementar a ser seguida. As mais comuns são:

Quimioterapia: Utiliza a introdução de substâncias químicas na circulação sanguínea. Ela é administrada de forma intravenosa ou diluída em soro. O processo em si não é doloroso, mas pode causar inúmeros efeitos secundários, como ansiedade, enjôo, queda de cabelo, aumento de peso, diminuição do número de glóbulos brancos e vermelhos no sangue, dada a agressividade do tratamento.

Radioterapia: Método capaz de destruir células tumorais, empregando feixe de radiações ionizantes, com o menor dano possível às células normais circunvizinhas, que farão a regeneração da área irradiada.

Hormonioterapia ou terapia hormonal: Visa a evitar que o tumor de mama cresça, se espalhe ou retorne. Utiliza medicamentos administrados via oral para alterar a ação dos hormônios ou a remoção cirúrgica dos ovários. Ela pode evitar que os hormônios naturais do corpo atinjam as células de câncer, deixando de estimular o seu crescimento e permitindo o controle de seu crescimento. Costuma ter poucos efeitos colaterais.

Adjuvância estendida: Outro tratamento hormonal que utiliza um inibidor da enzima aromatase – o tamoxifeno – após os primeiros cinco anos de tratamento. É indicada para as fases primárias do câncer de mama e, em alguns casos, para mulheres pós-menopausadas, para minimizar o risco de recorrência do câncer de mama.

Cirurgia: Existem diversos tipos de cirurgias para extirpar o câncer de mama, dependendo do grau em que se encontre o tumor. A lumpectomia remove o nódulo de tumor e uma margem limpa, “livre de doença”, sendo necessário fazer radioterapia para complementar o tratamento. A mastectomia parcial remove o tumor, uma área de tecido normal e parte da camada acima do músculo onde o tumor estava.

Esta cirurgia também é chamada de quadrantectomia e também necessita de complementação com radioterapia. Ambas as técnicas cirúrgicas acima preservam boa parte de tecido mamário e é importante que o cirurgião tenha certeza de que câncer não se espalhou. Assim, ele também avaliará o comprometimento dos linfonodos axilares para se certificar de que não possuem tumor. A mastectomia total remove toda a mama; a mastectomia radical modificada remove a mama, alguns dos linfonodos axilares e o tecido que recobre o músculo; já a mastectomia radical remove a mama, os músculos peitorais, todos os linfonodos axilares, tecido gorduroso e pele. Apesar de parecer uma técnica bastante agressiva, ela já salvou vidas de milhares de mulheres.

Quando a mulher passa por uma mastectomia, ela pode optar por fazer a reconstrução mamária durante a mesma operação de retirada ou por uma reconstrução tardia, ou seja, tempos depois da cirurgia. Podem ser utilizados tecidos próprios, retirados de outras partes do corpo, como abdômen e nádegas, ou o silicone, indicado quando pele e músculos peitorais são preservados. A reconstrução da aréola é feita, geralmente, a partir da pele situada na região interna das coxas, que tem grande quantidade de melanina, ou através de tatuagem. Já a reconstrução dos mamilos é feita com parte do mamilo da outra mama, cartilagem da orelha ou com a pele da própria mama reconstruída. A escolha vai depender do tamanho do mamilo contra-lateral e das condições locais da pele.

Parece, mas não é

Todo cuidado é pouco. Além dos exames clínicos, como já foi dito, a mulher deve conhecer o seu corpo e ficar atenta a quaisquer modificações significativas, que podem indicar problemas mais sérios. Mesmo assim, existem ainda os tumores benignos, que nada mais são que uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida.

Algumas deformações da mama, apesar dos nomes assustadores, não significam problemas graves. É o caso das fibroadenomas e das chamadas alterações funcionais da mama. Fibroadenoma de mama é um nódulo de origem e evolução e evolução benigna que aparece geralmente entre 15 e 25 anos de idade. Quase sempre mede de 1 a 2 cm, é duro, móvel, único, não doloso, bem delimitado, como se fosse uma “bolinha de vidro” dentro da mama. Seu tratamento de rotina é a sua retirada por meio de uma pequena cirurgia, com incisão estética na região periareolar. Em mulheres jovens, ele pode ficar apenas sob observação, sem que haja a necessidade de se submeter à cirurgia.

Já as alterações funcionais da mama (ou AFBM) caracterizam-se por causar espessamento mamário, geralmente na época próxima ao período pré-menstrual. Elas aparecem depois da adolescência, tendem a melhorar a gestação e lactações e desaparecem na menopausa. As AFBM são alterações totalmente benignas. A chance de uma mulher com dor mamária vir a ter um tumor de mama é a mesma das outras mulheres, ou seja, se você sente as mamas doloridas, principalmente antes da menstruação, não precisa ficar preocupada. Isso não significa que tenha risco elevado de câncer.

A Sociedade Brasileira de Mastologia indica, nesses casos, apenas que se evite a ingestão excessiva de alimentos com cafeína, como refrigerantes, chocolate e café, por isso, nada de tentar “curar” a TPM devorando barras de chocolate! O uso de sutiãs confortáveis, sobretudo os do tipo esportista, também é indicado nesse período. Mesmo assim, vale lembrar que qualquer característica anormal da mama, ou sensação de desconforto, merecem cuidados especializados. Consulte sempre o seu ginecologista, apenas ele pode fazer o diagnóstico correto para o seu problema, e indicar o tratamento mais adequado.

Mitos

Provavelmente você já ouviu falar muitas coisas que não são verdade sobre o câncer de mama, como que o uso desodorante antitranspirante e sutiã com aro metálico podem causar a doença. Para Dr. Eduardo Lyra, do IBCC, isto tudo é “uma grande bobagem”. No entanto, ele adverte para os riscos das terapias de reposição hormonal – recurso muito utilizado por mulheres na menopausa para diminuir os efeitos da redução do nível de hormônios no organismo, que causam alterações bruscas de humor, calores intensos, anemias, entre outros problemas. De acordo com o mastologista, “a terapia pode não só aumentar o risco de câncer de mama, como também de outras doenças”. Uma pesquisa realizada pelo Centro de Controle de Prevenção e Doenças dos Estados Unidos com mais de nove mil mulheres negras e brancas, com idade entre 35 e 64 anos, em 2002, indicou que não há ligação entre o câncer de mama e o uso de pílulas anticoncepcionais. Especialistas do Centro dizem, no entanto, que apesar dos resultados servirem para tranqüilizar as mulheres, há a necessidade da realização de estudos mais profundos sobre o tema.

Os números da doença

Tantos alertas e recomendações não são à toa. A incidência de câncer de mama ainda é alta. Segundo o Inca e a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença causa a morte de mais de seis milhões de pessoas em todo o mundo. Nos Estados Unidos, entre 1985 e 1995, o câncer de mama matou mais que a AIDS. No Brasil, houve um aumento considerável no índice de mortalidade entre 1979 e 2005, passando de 5,77 casos a cada 100 mil mulheres, para 11,10 casos, o que corresponde a uma variação 107%.

Além dos terríveis efeitos psicológicos, que afetam a sexualidade e a própria imagem pessoal, o câncer de mama não faz distinção entre classes sociais, por isso as estatísticas aumentam tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento. No Brasil, a doença constitui a maior causa de morte entre mulheres, apresentando a menor taxa de incidência no estado do Maranhão (9,54 casos para cada 100 mil mulheres) e a maior no Rio de Janeiro (96,95 casos para cada 100 mil mulheres). Por regiões, o Sul do país apresenta maior número de casos (69 por 100 mil).

Segundo o artigo “A situação do câncer de mama em Goiás, no Brasil e no mundo: tendências atuais para a incidência e a mortalidade”, de Régis Resende Paulinelli, Ruffo de Freitas Júnior, Maria Paula Curado e Aline de Almeida e Souza, publicado na Revista Brasileira de Saúde Materno-Infantil, desde 1950 a incidência do câncer de mama nos EUA aumentou 63% e praticamente dobrou na Europa. Os números também dobraram nesse período em locais de tradicional baixa incidência, como o Japão, Singapura e áreas urbanas da China. Até o ano de 2000, a ocorrência do câncer de mama apresentou uma taxa de aumento anual de 1,5% no mundo, e ainda maior no Japão (2%) e na China (3 a 5%).

Por outro lado, a Sociedade do Câncer dos Estados Unidos divulgou, no final de setembro, números bastante animadores. Segundo a entidade, a taxa de mortalidade por câncer de mama nos Estados Unidos continua baixando mais de 2% ao ano, mantendo uma tendência iniciada na década de 1990. Entre 1995 e 2004, essa taxa entre as mulheres brancas e hispânicas caiu em média 2,4%. Já nas mulheres de origem africana, a queda foi de 1,6%, e entre as de origem asiática, indígena ou das ilhas do Pacífico, não houve alteração. De acordo com o relatório, o fato se deve aos avanços da medicina no diagnóstico cada vez mais precoce da doença, permitindo que os tratamentos tenham maior eficácia. Ainda assim, não se pode comemorar, pois a Sociedade estima que este ano, aproximadamente 40.460 pessoas morrerão devido ao câncer de mama só nos Estados Unidos.

Já a idade é um fator que influencia um pouco mais. O Inca aponta que a doença é relativamente rara antes dos 35 anos de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente, e a taxa de sobrevida após cinco anos é, em torno, de 61%. Portanto, conhecendo melhor esse vilão e se prevenindo é possível lutar contra ele. E vencer, claro!