Dieta dos pontos

Dieta da lua, do abacaxi, da sopa, dos três pulinhos… sempre tem alguém pronto para indicar aquela receitinha mágica para acelerar a perda de peso, não é mesmo? Como cada um que conta aumenta um ponto, as fórmulas milagrosas ganham novos ingredientes e conseguem sempre espaço nas capas de publicações (nem sempre confiáveis). Foi assim que a Dieta dos Pontos, um método que dá notas para cada tipo de alimento em vez de levar em conta apenas suas calorias, se tornou popular e conquistou adeptos. Mas será que dá para confiar?

O principal problema é que, depois que se mostra uma maneira de emagrecer, abre-se espaço para que cada pessoa altere a forma de seguir a dieta. Mesmo que a nutricionista responsável afirme que o cardápio só pode ser seguido por uma ou duas semanas, há quem passe a adotar dietas restritivas como estilo de vida. Doenças como hepatite, anemia, desnutrição e hipovitaminose (carência de vitaminas) estão intimamente relacionadas com a má alimentação. Até distúrbios normalmente ligados aos obesos, tais como hipertensão e diabetes, também podem atingir as pessoas que vivem “eternamente” de dieta.

Segundo a nutricionista Thais Siqueira, “a Dieta dos Pontos é baseada em um cálculo das necessidades energéticas diárias da pessoa. Esse total de calorias é dividido por um valor padrão – em torno de 3,6 – que é equivalente a 1 ponto. a partir daí, é possível chegar ao total de pontos que a pessoa precisa por dia”. Parece bom, não? A questão é que, como não está regida pelos princípios da reeducação alimentar, a Dieta dos Pontos pode virar uma arapuca para a saúde. “Não leva em conta a qualidade da alimentação: o que interessa são apenas as calorias ingeridas no dia. Para facilitar, são estabelecidos pontos para todos os alimentos baseados também apenas nas calorias de cada alimento”, explica.

Já deu para perceber como é fácil se perder no meio tantas “facilidades”? Funciona assim: se uma pessoa precisa consumir 26 pontos diariamente, ela pode tanto equilibrar a alimentação e comer de forma saudável, quanto passar o dia ingerindo doces e frituras dentro da cota. “Quem segue direitinho a quantidade de pontos estabelecida pode até emagrecer, mas não necessariamente perderá gordura”, afirma Thaís. “Como consultora de nutrição, eu não recomendaria este tipo de dieta de forma alguma. Não é possível comparar um bombom com muitos bagos de uva, por exemplo. O tipo de caloria é diferente, o bombom fornece muita gordura, o que não acontece com as uvas. No entanto, elas não poderiam ser consideradas substitutas na dieta dos pontos”, explica a nutricionista, sócia-administrativa da Dhamma Consultoria em Nutrição, Saúde e Alimentação.

A nutricionista Flávia Ramos, consultora do Bem Leve, também reprova a dieta: “A pessoa pode até perder peso, mas não vai reeducar seus hábitos. A tendência depois que acaba a Dieta dos Pontos é que se volte a comer como antes, o que leva ao efeito sanfona. Além disso, pode haver uma neurose na contagem de pontos que também não é nada saudável”. Para uma nutrição de qualidade, é preciso evitar alimentos gordurosos, dar preferência aos grãos integrais e consumir muitas frutas, verduras e legumes, além de buscar um equilíbrio entre a ingestão dos nutrientes.

Não vale a pena pôr a saúde em risco. Fazer dieta sem orientação, deixando de lado os princípios da reeeducação alimentar, pode causar aumento do perfil lipídico do sangue, o que eleva as taxas de colesterol e triglicerídos, um perigo para o coração. “Falta de qualidade alimentar provoca mau humor, fraqueza e fadiga. Quem acha mais fácil seguir o método de pontos deve ter acompanhamento com um nutricionista ou médico de confiança”, finaliza Thais, que também é especialista em Obesidade e Emagrecimento.

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