Ai que dor de cabeça!

por | jun 30, 2016 | Alimentação

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Parece até que você está dando uma desculpa quando profere a sentença noturna: “Não, meu bem, hoje eu estou morrendo de dor de cabeça”. Provavelmente, ele não agüenta mais ouvir isso. E você, com certeza, não agüenta mais sofrer com essa situação. A dor de cabeça e a enxaqueca são bem mais comuns do que pensamos e o pior: elas atacam mais as mulheres. Não há cura para esse mal, mas tratamentos preventivos e uma alimentação adequada podem amenizar o problema.

As diferenças entre a dor de cabeça e a enxaqueca

Em primeiro lugar, é preciso definir o que é cefaléia e o que é enxaqueca. Cefaléia é qualquer tipo de dor de cabeça. Calcula-se que mais de 90% da população do Brasil teve ou terá cefaléia em algum dia de sua vida. Em cerca de 50%, a dor de cabeça é freqüente. Os dois tipos mais comuns são a enxaqueca e a cefaléia do tipo tensional. Esta é causada por tensão ou contração de alguns grupos musculares dos ombros, pescoço, couro cabeludo e até face – lembra daquela pontada na cabeça, depois do dia inteiro na frente do computador, com os ombros nada relaxados? Então, é essa dor chata, comum a quem não presta atenção na postura. Já a enxaqueca é o tipo mais grave, pois a dor é mais forte e vem acompanhada de náusea, vômitos, aumento da sensibilidade à luz e aos sons, o que em geral obriga o paciente a permanecer em repouso interrompendo as atividades naquele dia.

Mulheres são o alvo principal

A montanha russa hormonal, que vai da primeira menstruação até a pós-menopausa, é o que faz com que a enxaqueca se manifeste. “Nas mulheres, as crises são mais freqüentes e duradouras, principalmente no período menstrual. Para cada homem, teremos três mulheres com a moléstia. Isso ocorre porque os hormônios ovarianos femininos são potentes desencadeadores de enxaqueca”, explica José Geraldo Speciali, neurologista e professor da USP — Ribeirão Preto. O problema atinge a faixa etária dos 20 aos 50 anos, atrapalhando a mulher em seu período mais produtivo. Somente na gravidez e após a menopausa, os hormônios ficam mais estáveis e o problema se aquieta.

Além das alterações hormonais, há outros fatores que podem desencadear a terrível dor. Os mais relatados são (aproximadamente em ordem de freqüência): alterações emocionais (tanto as más, quanto as boas), permanecer longos períodos sem se alimentar, estresse, cansaço e determinados alimentos, como chocolate, queijos, vinho, cerveja e frutas cítricas. A designer Mariana Castro, 31 anos, por exemplo, afirma que a dor de cabeça já faz parte de sua rotina. “Eu não sei o que significa não ter dor de cabeça. Tenho todos os dias. Também tenho enxaqueca, mas com menos freqüência”, diz ela.

As crises

A enxaqueca é considerada crônica quando ocorre mais de 15 dias por mês há alguns meses. A dor normalmente é latejante, de apenas um lado da cabeça e vem acompanhada de enjôos. O quadro costuma ser agravado com a prática de exercícios físicos e a presença de cheiros fortes, luminosidade ou barulho. “Quando a enxaqueca se torna crônica (e um dos fatores desta transformação pode ser o uso freqüente e excessivo de analgésicos), tende a perder algumas destas características, podendo tornar-se menos intensa, porém, diária”, explica Jackeline Barbosa, assessora médico-científica do laboratório Farmoquímica.

O que pode ser feito para evitar

Enxaqueca não tem cura, pois trata-se de uma doença neurológica e hereditária”, nos revela Jano Alves de Souza, presidente da Sociedade Brasileira de Cefaléia. Mas os especialistas indicam o tratamento preventivo, assim como o controle da alimentação. A prevenção consiste em medicações diárias que procuram impedir o aparecimento de crises, que podem surgir a qualquer momento. “Estou fazendo o tratamento preventivo e está sendo muito eficaz. A última vez que tive dor forte foi há um mês. Vinte dias sem enxaqueca pra mim é uma dádiva. Eu tinha enxaqueca de três a cinco dias por semana. Ficava mais tempo com dor do que sem”, conta a assessora de imprensa Patrícia Duarte, 29 anos.

O cefaliatra Abouch Krymchantovski, da Universidade Federal Fluminense, informa que menos de 5% das mulheres recorrem à prevenção, por falta de conhecimento. O médico fluminense relata ainda que já existem cinco medicamentos, aprovados pelo FDA (Foods and Drugs Adminitration), para prevenção de enxaqueca. O príncipio ativo que mais tem sido apresentado em estudos clínicos é o topiramato. “A eficácia chega à redução de 50% das crises, não interage com contraceptivos, é tolerável e emagrece!”, explica Dr. Abouch. É a velha história: a prevenção continua sendo o melhor remédio – sempre.