Nossas avós já diziam que estavam “incomodadas” quando as tais “regras” chegavam. Realmente, não é lá o período mais confortável do mês, porém, quando o ciclo menstrual não se completa por alguma razão inesperada, toda mulher sabe que é sinal de problema. Disfunções hormonais, má alimentação ou até mesmo um momento de estresse podem motivar irregularidades na menstruação. Mesmo com todos os transtornos que o período traz, como cólicas, inchaços e dores em diversas partes do corpo, não adianta se voltar contra a natureza e tentar esquecer que a menstruação existe. Ela garante a fertilidade da mulher e qualquer mudança em seu ciclo merece atenção especial.
Para entender os problemas relacionados a ela, é necessário saber, primeiro, o que acontece em nosso corpo durante o ciclo menstrual. Nada que uma leve recapitulação daquela aula de biologia do colégio não resolva. Em linhas gerais, a menstruação é o resultado da eliminação do material produzido pelo corpo para sustentar a gravidez, que não aconteceu.
O ciclo é iniciado com a estimulação do folículo, unidade responsável pela produção dos principais hormônios no ciclo reprodutivo e que contém os óvulos. Nas duas primeiras semanas do ciclo, o folículo se encarrega de produzir o estrogênio, que estimula o revestimento do útero a se prepara para receber o óvulo fertilizado. Chega, então, o momento da ovulação: o folículo libera o óvulo, que desce pela cavidade abdominal em direção a trompa de falópio. O hormônio progesterona passa a ser produzido, pois será importante nas primeiras etapas da gravidez. Como a fecundação do óvulo pelo espermatozóide não acontece nas duas semanas seguintes, o ovário interrompe a produção do hormônio, fazendo com que o revestimento do útero se desmanche. Isso é a menstruação.
Essa descrição atende a um ciclo de 28 dias, considerada a média entre as mulheres. Por isso, não se assuste se o seu dura alguns dias a mais ou a menos. Segundo a ginecologista Sônia Valentim, ciclos de 25 a 35 dias são considerados normais. “É preciso avaliar a regularidade daquela mulher e investigar as diferentes fases da menstruação. Se ela passa por todas as etapas em 25 dias, por exemplo, é um ciclo curto, mas normal para ela”, diz.
Ninguém podia me contrariar, sentia vontade de ficar sozinha, mas ao mesmo tempo, uma carência muito grande.
A duração e a intensidade do fluxo menstrual também variam muito. Em geral, fluxos que duram mais de sete dias são considerados anormais e podem ser controlados por meio de medicamentos reguladores de ciclo. “São hormônios com ação anticoncepcional ou não. Se utiliza progesterona e estrogênio e seus derivados, substâncias produzidas em laboratório com mais ou menos efeitos colaterais para a mulher”, explica a Dra. Silvia.
Senhora TPM
Cerveja gelada, churrasco com os amigos, música animada e de repente uma vontade de chorar sem explicação. É assim que Júlia Brito descreve sua primeira crise de tensão pré-menstrual, a famosa TPM. O problema que afeta muitas mulheres e, em geral, é sinônimo de irritação e impaciência, pode se manifestar de maneira mais séria, como no caso da arquiteta, que tinha sintomas de depressão. “Ninguém podia me contrariar, sentia vontade de ficar sozinha, mas ao mesmo tempo, uma carência muito grande. Do nada, eu ficava triste e atribuía o sentimento a algum problema que estava passando, a uma frustração momentânea ou discussão com alguma amiga. Demorei a perceber que tinha a ver com a menstruação”, conta.