Já se sabe que o vírus zika é o responsável pela microcefalia em bebês, mas como ele é capaz de causar a doença é ainda território nebuloso para a ciência. Informações cruciais estão sendo obtidas a partir de estudos com animais e agora já é possível saber um pouco sobre a alteração do desenvolvimento cerebral.
Como o zika age no cérebro
Pesquisadores chineses, em estudo publicado no periódico Cell, analisaram como o vírus zika age no cérebro de fetos, causando a microcefalia. Para isso, eles fizeram inseminação artificial em fêmeas de camundongo e, 13 dias depois, injetaram cepas do zika nos cérebros dos fetos.
Cinco dias após a fecundação, os cérebros dos roedores já estavam menores e a análise do tecido cerebral mostrou por que isso aconteceu.
Os pesquisadores notaram que, em um primeiro momento, o zika contamina principalmente células do tipo neuronais progenitoras – responsáveis por originar tecido cerebral e neurônios. Depois, o vírus ataca os neurônios propriamente ditos. Isso significa que, além de matar células neurais, a doença ainda dificulta que o cérebro crie novas e se desenvolva completamente.
Como o zika atravessa a placenta
Estudos anteriores mostraram que o zika atravessa a placenta e é capaz de chegar ao feto, matar células e desacelerar o crescimento cerebral. Mas para comprovar essa tese, seria necessário demonstrar esse processo em testes com animais. Um estudo liderado por pesquisadores brasileiros da Universidade de São Paulo fez essa análise e publicou os resultados na conceituada revista científica “Nature”.
A pesquisa foi feita com dois tipos de camundongos. Em um deles, o vírus foi capaz de atravessar a placenta e afetar o cérebro e no outro houve uma resposta imunológica capaz de impedir a travessia da placenta. Segundo os cientistas, esse é um dos motivos que faz com que nem todos os bebês de mães que contraíram zika nasçam com microcefalia. Agora é preciso analisar que reação é essa, capaz de impedir a chegada do vírus ao feto.
Simultaneamente, cientistas da Universidade de Washington fizeram outro experimento com animais e descobriram que o zika vírus tem de estar em concentrações cerca de mil vezes maiores na placenta, em comparação com o sangue, para ser capaz de causar uma lesão e, assim, chegar ao feto.
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