A noite foi ótima. Pessoas interessantes, boa música e um jantar digno de realeza. Delícias de saltar os olhos na mesa, sobremesas simplesmente irresistíveis e, entre uma coisa e outra, a sua bebida favorita. Tudo estaria perfeito se a sensação de exagero não pesasse tanto na consciência. Para ajudar aos gulosos arrependidos, existem as dietas de desintoxicação. Associado freqüentemente a programas de perda de peso e manutenção da boa forma, o procedimento pode ajudar aos que desejam se redimir dos excessos alimentares.
A nutricionista escocesa Gillian McKeith, em seu livro “Você é o Que Você Come” (Ed. Alegro), dedica um capítulo especial à dieta de desintoxicação. O programa sugerido na publicação, que se tornou best-seller mundial, inclui um cardápio leve no primeiro dia, com base em chás, sopas e saladas, e a ingestão apenas de sucos para o segundo. Além de exercícios de respiração, caminhadas, esfoliação corporal, meditação e, inclusive, momentos para ouvir sua música favorita e “dançar feito louco”. Gillian McKeith, considerada a guru da comida na Inglaterra, explica que, apesar de o organismo possuir formas naturais de se desintoxicar, muitas vezes é necessário uma pequena ajuda no processo. Segundo ela, as dietas de desintoxicação são processos complementares que produzem resultados eficientes para quem deseja se “limpar” e reabastecer o organismo.
Mesmo que você busque comidas mais saudáveis, como verduras e legumes, acaba ingerindo muitas substâncias químicas
A grande quantidade de produtos industrializados presentes em nossa dieta torna a desintoxicação um procedimento importante, não somente para as situações de visível “exagero”, como afirma o Dr. Douglas Carignani Jr, especialista em medicina biomolecular e titular da Associação Brasileira de Nutrologia. “Mesmo que você busque comidas mais saudáveis, como verduras e legumes, acaba ingerindo muitas substâncias químicas, pois estes alimentos possuem pesticidas, conservantes, agrotóxicos”, explica. A desintoxicação entra como uma forma de diminuir a carga de agressão dessas substâncias tóxicas e dar uma pausa para o organismo. “Um estudo mostrou que aproximadamente quatro mil substâncias novas são produzidas a cada ano, não apenas pela indústria alimentícia. São sínteses, modificações de moléculas. Por aí podemos imaginar o grande número de substâncias industrializadas com que estamos em contato diariamente”, esclarece Dr. Carignani Jr.
Desintoxicar pode ser uma boa pedida, mas é preciso ter cuidado ao optar por dietas mais drásticas, como as que indicam apenas a ingestão de líquidos, alerta Dra. Solange Menta, autora do livro “Colonterapia: Reeducação Alimentar, Desintoxicação, Rejuvenescimento”. Segundo ela, pessoas acostumadas a uma dieta repleta de produtos industrializados e condimentados, ao embarcarem num programa de desintoxicação radical, podem sentir fortes dores de cabeça e até reações mais sérias. “O ideal é que a pessoa busque uma orientação com o médico. Se come muitas besteiras, não pode seguir qualquer dieta”, afirma.