Por que a couve foi capaz de fazer esse mal à barriga de famosa? Há risco ao comer?

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Recentemente, a influencer Gabriela Pugliesi abriu espaço para um “momento realidade” em meio às fotos e vídeos do corpo sequinho e da rotina fitness que costuma compartilhar com os seguidores.

Por meio de vídeos postados na ferramenta Stories em seu perfil do Instagram, Pugliesi mostrou a barriga bastante inchada em comparação com o corpo que costuma expor, e creditou o problema a alguns alimentos.

Distúrbio de Gabriela Pugliesi

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Portadora de um distúrbio intestinal denominado Síndrome do Intestino Irritável (ou SII), a influencer comentou que alguns alimentos costumam desencadear “crises” da doença, e entre os citados por ela está um queridinho de diversas dietas: a couve.

De acordo com a nutricionista Jennifer Partika, a couve-manteiga traz um bocado de fibras e substâncias antioxidantes, além de ter baixo teor calórico. Com isso, a verdura sacia enquanto promove um efeito detox no corpo, tornando-se uma aliada do emagrecimento – mas, para algumas pessoas, pode realmente ser um perigo.

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Síndrome do Intestino Irritável: causas e sintomas

Conforme explica Wilson dos Santos Junior, gastroenterologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, a SII é uma desordem mais recorrente entre mulheres e que costuma ser diagnosticada entre os 30 e os 50 anos de idade.

Segundo ele, o distúrbio é caracterizado por desconforto ou dor abdominal, inchaço, gases e mudanças nos hábitos intestinais (algo que pode se apresentar como constipação, diarreia ou ambos os sintomas intercalados), mas, apesar de ter sintomas bastante visíveis, suas causas ainda são relativamente misteriosas.

“Sabe-se que há influência por aspectos psicossociais, estilo de vida, tipo de alimentação, alterações da flora bacteriana e hipersensibilidade visceral”, explica o médico, ressaltando que o “gatilho” da síndrome e os sintomas dela podem variar de pessoa para pessoa.

Piores alimentos

O especialista também afirma que a couve e outros alimentos citados pela blogueira realmente estão entre os que podem interferir no funcionamento do intestino de portadores da síndrome e piorar os sintomas.

Além da verdura, ele também cita repolho, brócolis, milho, feijão, lentilha, grão-de-bico, maçã, melancia, pêssego, produtos derivados do leite, produtos dietéticos e bebidas gaseificadas como possíveis responsáveis por uma crise da SII.

Por que a couve pode fazer mal?

De acordo com o médico, o que faz da couve um vilão para algumas pessoas é o fato de que, assim como o feijão, o repolho e outros alimentos, essa verdura desencadeia um processo de fermentação conforme é digerida pelo organismo.

Nesse processo, a interação entre as bactérias do intestino e determinados alimentos como a couve causa a liberação de gases responsáveis pela distensão do tubo intestinal que pode desencadear os sintomas da SII. É o caso de Pugliesi, mas, conforme explica o especialista, isso não é algo obrigatório para quem sofre com o distúrbio.

“Não é uma regra para todas as pessoas. No caso da blogueira, ela identificou a couve por fazer parte da rotina alimentar, que é mais saudável. Cada paciente, no dia a dia, reconhece os produtos que causam os sintomas do problema”, explica ele.

É preciso cortá-la da dieta?

Wilson afirma que, além de a couve não desencadear os sintomas da SII para todos os que sofrem com a síndrome, é possível que pacientes afetados por esse alimento só sintam os efeitos dele em algumas ingestões.

“Pode ser que em um dia esse alimento não cause o desconforto, pois depende da quantidade, frequência e fatores como o estado psicológico da pessoa”, explica o médico. Sendo assim, caso o paciente perceba que um alimento nem sempre o afeta, é preciso atentar para a quantidade consumida quando os sintomas aparecem e regular a ingestão deles.

Por outro lado, se o paciente notar que um alimento sempre provoca crises da síndrome, é preciso tomar uma atitude mais drástica. “O importante é o paciente identificar os alimentos que agravam os sintomas e exclui-los da dieta”, afirma, ressaltando que a dieta para quem sofre do problema deve ser individualizada e elaborada com a ajuda de um especialista.

Cuidados com a couve para quem não tem SII

Disfunção da tireóide?

Tanto a couve quanto outras verduras verde-escuras como o espinafre e a escarola contêm tiocionato, substância que, segundo estudos, está relacionada ao surgimento de distúrbios de tireóide.

De acordo com a nutricionista Luiza Tiroli, isso acontece porque o tiocionato dificulta a absorção de iodo pelo organismo, substância da qual a tireóide é dependente para funcionar normalmente.

Ainda que essa relação exista, porém, a nutricionista afirma que não é preciso tirar as verduras verde-escuras da dieta. “Esse prejuízo à saúde só aparece quando o consumo passa de 1 kg por dia. Aí a gente joga isso para a realidade e ninguém consome 1 kg de couve diariamente, né?”, comenta Luiza.

Excesso de fibras requer atenção

Alimentos ricos em fibras como a couve e outras verduras realmente contribuem com o bom funcionamento do organismo, mas, segundo a nutricionista, o consumo desse tipo de alimento precisa ser acompanhado por uma boa ingestão de líquidos.

“Se você consome fibra em excesso e não toma água, você pode ter uma constipação intestinal, uma má digestão, porque são alimentos que demandam uma maior atividade para a gente digerir. Para isso, a água tem a função de facilitar essa digestão”, explica, ressaltando que a ingestão adequada de água varia de pessoa para pessoa.

Para quem já sofre naturalmente com intestino preso ou má digestão, a nutricionista afirma que há formas que facilitam a metabolização da couve e outras verduras ricas em fibras. “Quando a gente cozinha, a gente acaba abrandando as fibras, e aí fica mais fácil do nosso corpo digerir”, comenta.

Síndrome do Intestino Irritável e alimentação